“Agora somos só eu e você, filho”, escreveu o estudante de jornalismo Cayro Yuri, 24 anos, em um tuíte que viralizou na noite da última quinta-feira (dia 4). Na foto que ilustra a frase, ele carrega no colo o filho, Bento, fruto do relacionamento com Luana Gurgel, 24. Sem comorbidades, a jovem perdeu a batalha contra a Covid-19 e morreu no dia 27 de fevereiro, horas após dar à luz o pequeno.
O médico Rodrigo Biondi, que atua no DF, não perdeu parente jovem para o novo coronavírus, mas cuidou de quem não conseguiu vencer a luta contra a infecção. “É triste, porque acabamos passando tanto tempo com esses pacientes. Do ponto de vista popular, sempre pensamos: ‘A pessoa tinha tanto para viver’”, disse, entre suspiros. “Há casos de sucesso, como o de um flamenguista de 32 anos que ficou em estado gravíssimo. Ele deixou a mãe e a gente desesperados, mas resistiu. Por outro lado, vi um homem de 32 anos, que veio de Manaus, não superar a doença.”
As situações vividas por Yuri e Biondi ilustram o drama pelo qual passa o país. Nos últimos dias, com leitos em unidades de terapia intensiva (UTIs) atingindo níveis de ocupação nunca antes vistos, o Brasil registrou sucessivos recordes de mortes e de casos. Há inúmeros relatos de pessoas mais novas vítimas da doença.
Os números mostram a realidade: segundo análise do (M)Dados, núcleo de jornalismo de dados do Metrópoles, com base nos balanços dos cartórios do Brasil, nos primeiros dois meses de 2021, 2.618 brasileiros com menos de 40 anos morreram de Covid-19, média de 41 óbitos a cada 24 horas; 1.309 por mês. Para efeito de comparação, nos 10 meses de pandemia em 2020, a quantidade de falecimentos de pacientes com a mesma faixa etária chegou a 9.059 – 30 a cada dia, aumento de 36,6% na média diária.
Com informações do Metrópoles
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