A Polícia Civil, em conjunto com o Ministério Público e a secretaria de Estado de Administração Penitenciária, realiza na manhã desta quarta-feira (dia 23) o operação “Futebol Clandestino”. Investigações desenvolvidas pela 90 DP (Barra Mansa) identificaram 87 traficantes e cinco adolescentes relacionados ao tráfico de drogas atuando em cidades da região. Contra eles foram expedidos mandados de prisão e apreensão.

Também foram expedidos 92 mandados de busca e apreensão para diversos locais. Segundo o delegado Ronaldo Aparecido, esses traficantes vinculados a facção criminosa Comando Vermelho, estão espalhados nas cidades de Barra Mansa, Volta Redonda, Resende, Porto Real, Quatis, Barra do Piraí, Angra dos Reis, Búzios e uma cidade do Estado de Minas Gerais.

“Essa Facção criminosa possui integrantes que atuam em todo o Estado do Rio de Janeiro e vem se espalhando por cidades que fazem divisas com o Estado”, destaca a polícia. Os agentes que participam da operação deixaram a sede da Região Integrada de Segurança Pública (Risp), no bairro Vila Mury, no final da madrugada. Até o início da manhã tinham sido presas 31 pessoas.

Investigação

A investigação, que teve início em Barra Mansa e teve por fundamento prévias quebras de sigilo de dados de dispositivos apreendidos com traficantes da localidade, conseguiu identificar o funcionamento de estruturada organização criminosa atuante em municípios da Região Sul Fluminense e em Angra dos Reis. Por tal razão, o MPRJ dividiu a denúncia em seis principais núcleos de atuação, sendo eles:  Barra Mansa, Volta Redonda, Barra de Piraí, Angra dos Reis, Resende e Rio de Janeiro.

Segundo a denúncia, durante a investigação comprovou-se, inclusive por meio de registros audiovisuais armazenados nos dispositivos apreendidos, a violência praticada pelos criminosos, que se valiam de armas de fogo de alto potencial lesivo para o controle de seus territórios e a prática de homicídios de devedores, traficantes rivais e para o confronto com as forças policiais atuantes na região.

A liderança no núcleo Barra Mansa, de acordo com o MPRJ, é exercida pelo denunciado Emiliano de Melo, conhecido como “Favela”, que coordena o fluxo de venda de drogas em diferentes localidades, junto com seu filho, o denunciado Alan Lucas Eurico de Melo, vulgo Al.

O núcleo Volta Redonda, ainda segundo a denúncia, é liderado por Thiago Cláudio Duarte Chagas, vulgo Thiago Cabeça, responsável por coordenar todas as ações adotadas pelos outros integrantes, inclusive a execução de usuários devedores e de outros traficantes.

No núcleo Barra do Piraí, um dos responsáveis é Igor Machado Trindade, conforme aponta a investigação.

A denúncia relacionou ainda integrantes do tráfico nos núcleos Resende;  Angra dos Reis, na região da Ilha Grande; e no Rio de Janeiro, especificamente na Vila Kennedy, local apontado como fonte de drogas para as comunidades do Sul Fluminense.

Grupos de WhatsApp
Segundo o MPRJ, o nome da operação (Futebol Clandestino) foi inspirado no nome de um dos grupos de Whatsapp utilizados pelos traficantes para tratar das áreas gerenciadas pelos criminosos na região. Por meio das mensagens, eles tratavam da aquisição e distribuição de drogas, armas, munições, materiais de endolação, bem como para a troca de informações sobre alvos que seriam policiais e traficantes de facção rival em atuação na região.

Em outro desses grupos de Whatsapp – chamado União Sul Fluminense – foi identificada a participação de mais de 150 integrantes do tráfico de diversas cidades da Região Sul do Rio, todos pertencentes à mesma facção criminosa.

Outros grupos eram restritos a cidades ou bairros específicos. Havia, ainda, a existência de grupos específicos integrados pelas lideranças do tráfico, dentre eles um chamado “Controle Pó de 50”, no qual faziam o intercâmbio de informação no nível gerencial e a própria contabilidade das atividades financeiras realizadas pela organização criminosa.

Entre os denunciados estão 20 mulheres e 67 homens. Alguns já se encontram presos, e, de acordo com a denúncia, ainda continuam ativos gerenciando a distribuição e comercialização de drogas na região. Diante de tais fatos, foram objeto de novas imputações em relação aos delitos de tráfico e associação para o tráfico de substâncias entorpecentes.


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