O sonho da casa própria se faz presente na perspectiva de felicidade do brasileiro. Em todas as classes sociais, a casa própria é sinônimo de conforto, segurança, estabilidade e realização de um sonho. Para muitos, a compra de um imóvel para morar tem um significado ainda mais abrangente: é sinal de que “venci na vida”. Em termos práticos, para grande parte da população, significa deixar de pagar aluguel, sair da casa dos pais, fazer um investimento seguro para si e para a família.
No entanto, entre os bens que uma pessoa pode consumir no decorrer de sua vida, os imóveis normalmente estão entre os que requerem maior desembolso. Muitas vezes, é necessário o comprometimento de valor considerável da renda do indivíduo por vários anos. Levando-se em consideração esses desejos e dificuldades, o Sindicato dos Metalúrgicos do Sul Fluminense (SindMetal) e a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) resolveram elaborar em parceria, um projeto de construção e financiamento de imóveis voltados para os trabalhadores do grupo liderado pelo empresário Benjamin Steinbruch, no município de Volta Redonda, que possa facilitar a aquisição de imóveis por esse público, com construções novas e exclusivas e financiamento mais próximo da sua realidade econômica.
Sob essa perspectiva, o SindMetal encomendou um trabalho junto ao instituto Orbital Pesquisas, com o objetivo de “avaliar a demanda potencial declarada dos colaboradores do grupo CSN por imóveis residenciais, identificando opiniões, desejos, necessidades e expectativas, que possam subsidiar decisões e planejamentos sobre um novo projeto imobiliário voltado para esse público”.
A pesquisa contou com a participação de 2.916 colaboradores, no período de 24 de junho a 14 de julho, que acessaram a plataforma online da pesquisa e responderam às perguntas. A Folha do Aço teve acesso ao Relatório Final contendo os resultados do levantamento, que tem margem de erro de 1,6 pontos percentuais para mais ou menos. O intervalo de confiança é de 95%. “O resultado vai nos ajudar muito a orientar as nossas futuras ações”, explicou o presidente do Sindicato, Silvio Campos.
Elaborado de acordo com os objetivos estabelecidos pela entidade sindical, a pesquisa, contendo 20 perguntas, coletou dados de forma online, em plataforma exclusiva contendo o questionário autoaplicável. O levantamento foi restrito ao público-alvo, cujo acesso se deu através do número da matrícula. O sistema só permitiu um acesso por matrícula. Assim, cada participante só pôde responder uma vez o questionário.
De acordo com o Instituto Orbital, todas as respostas foram tratadas de forma anônima, sem qualquer identificação do respondente, garantindo assim o sigilo e a total confidencialidade dos dados. O controle da entrada de dados foi realizado durante todo o período de coleta, não sendo constatada nenhuma intercorrência.
Gênero e renda familiar
Em relação ao gênero, a pesquisa teve participação predominante de homens (87%), representativa do universo de colaboradores da empresa. A maior parte está na faixa de 35 a 50 anos (48%) e trabalha no grupo CSN há mais de 10 anos (30,6%).
Em relação à renda mensal, importante para o estudo de viabilidade de financiamento de imóveis, a maioria dos metalúrgicos possui renda individual na faixa de um a dois salários-mínimos (65,2%) e renda familiar entre um e três salários, estando a maior parte entre dois e três salários (37,4%). A maioria dos respondentes não é associada ao Sindicato dos Metalúrgicos (54,6%).
80% dos metalúrgicos não possuem imóvel próprio
Conhecer a situação atual de moradia dos colaboradores é um importante passo para reconhecer e entender os anseios do público em relação à aquisição de imóvel. Sob essa percepção, a pesquisa do Orbital procurou identificar como os respondentes moram e quais são as características do imóvel atual.Os resultados mostram que o sonho da casa própria é realidade para 20,9% dos participantes. Ou seja, quase 80% não é dono do imóvel em que mora. A maior parte (35,7%) reside em imóvel alugado. Além disso, grande parte (25,3%) mora em imóvel cedido.
Ainda na análise destes resultados, ressalta-se uma importante constatação sobre a percepção do público-alvo da sua própria posição em relação ao imóvel em que mora. A pergunta foi feita da seguinte forma: O imóvel em que você mora é: Próprio, Alugado, Cedido, Herdado, Outro. Ao responderem a opção “Outro”, os respondentes eram levados a citar qual seria a outra situação de moradia. A pesquisa mostra que 10% dos entrevistados marcaram a opção “Outro”, respondendo apenas que “moram com os pais/sogros/familiares”.
Esse resultado aponta que aqueles que moram com outras pessoas, proprietárias ou responsáveis pelo aluguel, mesmo que sejam os pais, sogros ou outros familiares, não se percebem como donos ou responsáveis pelo local onde moram e por isso não se sentem à vontade para dizerem que o imóvel é próprio ou alugado ou cedido ou herdado, porque não é deles, não é por eles. Daí o anseio pela aquisição de um imóvel próprio.
Colaboradores com mais de 50 anos de idade, com renda familiar mensal a partir de três salários e com mais de 10 anos de tempo de empresa formam o perfil com a maior porcentagem de proprietários de imóveis. Quanto maior a faixa etária, o tempo de empresa e a faixa de renda familiar, maior o número de colaboradores com casa própria, sendo maioria entre os que possuem renda familiar acima de 10 salários (57,1%).
Em relação ao tipo de imóvel, a maioria mora em casas térreas (65,2%), e elas são as mais frequentes em todos os perfis. O perfil onde mais se encontra moradores de casas de dois ou mais andares é dos que ganham mais de 10 salários (42,9%). A menor porcentagem de moradores de apartamentos está na faixa etária acima de 50 anos. A maioria mora em imóvel com mais de três cômodos (71,7%), com mais duas, três ou quatro pessoas, sendo mais frequente 4 residentes (respondente e mais três). Ressalta-se que 18% dos participantes moram em um imóvel de três cômodos.
Observa-se que, entre os mais jovens (18 a 34 anos) e com menos tempo de empresa (menos de 1 ano), o número de moradores tende a ser menor, até três residentes (respondente e mais dois). Grande parte destes declara morar com os pais.
32% possui renda familiar abaixo de R$ 2,2 mil
De acordo com o relatório da pesquisa, a maior parte dos respondentes (37,4%) possui renda familiar mensal na faixa de R$ 2.200,00 a R$ 3.300,00, 31% possui renda familiar acima desse valor e 32% abaixo.
Também já foi visto que a maior parte dos colaboradores (30,6%) trabalha há mais de 10 anos na CSN e que 44% têm até 5 anos de empresa. Esses dados, juntamente com as informações sobre os recursos de FGTS e recursos próprios que os interessados no projeto possuem, são importantes para a avaliação das possibilidades de financiamentos dos imóveis para os colaboradores. A pesquisa mostra que a maior parte dos respondentes (18%) afirma ter entre R$ 5 mil e R$ 10 mil de FGTS disponíveis para financiamento do imóvel e que 44,5% possuem acima de R$ 10 mil.