Foram 34 dias de privação de liberdade por um crime que afirma não ter cometido. Este foi o período que o pedreiro Alison da Silva Corrêa, de 23 anos, permaneceu detido num presídio de Japeri, na Baixada Fluminense. A liberdade só aconteceu na quarta-feira (dia 1º), quando decisão expedida pela Justiça revogou a prisão do coordenador do grupo jovem da Assembleia de Deus Ministério de Madureira, em Volta Redonda.
Morador do bairro Açude, Alison foi um dos alvos de uma ação da Polícia Civil que buscava desarticular uma quadrilha envolvida com o tráfico de drogas. Isso aconteceu no dia 27 de outubro. Desde então, a família do pedreiro lutava para provar sua inocência.
Em entrevista à Folha do Aço, Alison falou da sensação de liberdade.
“Graças a Deus, o sofrimento acabou. Foram 34 dias de muito sofrimento longe do meu filho e da minha esposa. Mas tudo nessa vida tem um propósito de Deus. Foi um grande susto quando me vi sendo levado para a prisão, pois não tinha ideia do que estava acontecendo. Tive muitas crises de ansiedade, falta de ar, pois sabia da minha inocência. Não tinha feito nada que me comprometesse com a justiça. Nunca tive passagens pela polícia nem nada”, contou.
Como evangélico, ele garante ter entendido o propósito de Deus na sua prisão. “Fui recebido bem pelos outros presos que, de alguma forma, também sabiam da minha inocência. Lá dentro consegui pregar o evangelho, ganhei cinco almas para Jesus e, assim, pude entender qual era o propósito de Deus na minha vida lá”.
E foi no primeiro dia do último mês do ano que Alison saiu da prisão e reencontrou sua família. “Agradeço muito a minha esposa e a família dela. Foi muito bom ter reencontrado eles e meu filho. A maior alegria da minha vida foi ter saído e dado de cara com meu filho lá fora me esperando. Pude agarrar ele, dar um abraço, um beijo. Foi até difícil para dormirmos pois ele não conseguia dormir, achando que eu ia embora outra vez. Dormimos agarradinhos e foi a maior satisfação desse mundo”, alegra-se.
A mesma sensação foi compartilhada pela esposa de pedreiro, Thayene Alves de Freitas Correa, de 22 anos. “Graças a Deus tudo acabou. Deus sabe a hora certa pra tudo e a gente não pode murmurar. Quando vi meu marido saindo de lá veio um filme na minha mente de tudo o que passei. Vi que tudo o que eu fiz valeu a pena por ter conseguido sentir aquela emoção. Na viagem toda, ele e meu filho vieram abraçados e fomos recebidos com queima de fogos e muitas visitas para abraçar o Alison e me abraçar. Ver esse apoio dos amigos também foi muito importante e só tenho a agradecer”, relata.
Thayene liderou, no último dia 25, uma manifestação na entrada do Fórum de Volta Redonda pedindo o relaxamento da prisão do marido.
A prisão de Alison foi revogada pelo juiz da 2ª Vara Criminal de Volta Redonda, Roberto Henrique dos Reis, após os advogados do rapaz entrarem com pedido de habeas corpus. Tanto a defesa como a família de Alison argumentam que os policiais atribuíram a ele o apelido “Zeca” que, na verdade, pertence a seu irmão, Jarlan Davi da Silva Corrêa.
O verdadeiro Zeca, se apresentou à policia e fez uma carta, assinada e autenticada, admitindo seu envolvimento com o crime. A Polícia Civil informou que a prisão de Alison levou em conta diversas provas técnicas para identificar os envolvidos nos crimes de tráfico de drogas.
Relembre o caso
Alison foi preso no dia 27 de outubro, durante a Operação Alcateia, deflagrada para desbaratar o tráfico em Volta Redonda. Ele teria sido confundido com o irmão, Jarlan Davi da Silva Correa, o Zeca, que responde por crimes como porte ilegal de arma e associação para o tráfico de drogas.
Zeca deixou o presídio de Japeri, na Baixada Fluminense, no mesmo dia em que o irmão entrou, sem qualquer antecedente criminal. O advogado que defende Alison chegou a pedir, por duas vezes, a revogação da prisão, negada pela Justiça à época. Desde lá, a família vinha lutando para que a situação fosse revertida.