“O que podemos fazer para juntar forças e resolver o problema da rodovia?”, questiona síndico de prédio construído às margens da pista
O imbróglio sobre o trecho da Rodovia do Contorno próximo ao condomínio Jardim Mariana ganhou mais um capítulo. Agora, os novos personagens são os representantes dos moradores do residencial que, cansados do jogo de empurra-empurra feito pela Prefeitura de Volta Redonda, resolveram cobrar uma solução para os constantes acidentes registrados naquele trecho.
“Tivemos uma reunião com a prefeitura no dia 16 de janeiro, mas a única resposta que temos é que o governo municipal está cobrando do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) o recebimento da rodovia para verificar de quem é a responsabilidade”, disse o síndico do condomínio Jardim Mariana, Luciano Machado. “Mas, o tempo inteiro jogam a culpa no retorno. Não estamos defendendo nenhum lado. Já conversamos também com Mauro Campos [responsável pelo empreendimento]”, explicou Machado.
Estiveram presentes no encontro, além dos síndicos e subsíndicos dos condomínios; o secretário de Transporte e Mobilidade Urbana, Paulo Barenco; o capitão Paulo Vitor, da Polícia Militar; o comandante da Guarda Municipal, João Batista dos Reis; e representantes da Polícia Rodoviária Federal. “Queremos saber o que podemos fazer para juntar forças e resolver o problema da rodovia?”, questionou o síndico de um dos prédios do bairro Jardim Mariana.
Entre o dia 23 de dezembro e o início de janeiro deste ano, três pessoas morreram vítimas de acidentes no local. Segundo Luciano Machado, o governo municipal informou que enviou diversos documentos aos órgãos competentes, mas não houve nenhuma medida efetiva, e as colisões seguem ocorrendo.
O síndico sugeriu a instalação emergencial de redutores de velocidade no trecho em frente ao condomínio, mas o secretário Barenco disse que não poderia, pois se trata de extensão da BR-393 (Rodovia Lúcio Meira). O representante dos moradores contra-argumentou, usando como argumento a existência de outros quebra-molas na Rodovia do Contorno. Como exemplo, citou o entroncamento do trecho com a Rodovia dos Trabalhadores. Luciano lembrou que os redutores foram instalados pela própria Prefeitura de Volta Redonda.
Em resposta, o titular da pasta de Mobilidade Urbana do município teria dito que “o engenheiro que assinou ART para a instalação daqueles quebra-molas é um idiota, pois não poderia fazer”. O síndico Luciano, bem como os demais participantes da reunião, ficaram indignados com a afirmação, pois existe um consenso entre eles que a simples instalação de quebra-molas no local poderia ter evitado três mortes.
“Os acidentes não aconteceram no retorno do condomínio, foram na rodovia. Não temos tempo de esperar estudo, análise, entendemos a necessidade, mas os acidentes continuam acontecendo. Na reunião, o Barenco disse, inclusive, que não vai liberar nenhum Habite-se para construções no local enquanto não houver uma solução pois, segundo ele, a situação do trevo coloca em risco as pessoas”, explicou o síndico.
Foram apresentados documentos das solicitações protocolados pela prefeitura ao Dnit para saber, de fato, quem é o responsável pela Rodovia do Contorno, tanto para intervenções no local quanto para a construção de acessos. A resposta foi que aquele trecho faz parte da BR-393 (Rodovia Lúcio Meira) e que a autorização de projetos fica a cargo do departamento do governo federal.
Felipe Leone Amorim da Cunha, subsíndico do condomínio Mariana Rubi, disse que, apesar da iniciativa do governo de convidar os representantes dos moradores para participar das tratativas, nada de efetivo foi feito. “Foi positivo a prefeitura nos chamar para discussão, tentar explicar a real situação da rodovia, mas parece que nada do que poderia nos ajudar será feito”, analisou.
O subsíndico acrescentou ainda que “iniciou-se uma história [na reunião] de que seria culpa do trevo, não sou técnico, não sei dar parecer técnico, mas, grosso modo, não tem nada a ver com o ponto, que fica na parte de baixo. Acho que a prefeitura deveria agir com mais firmeza”.
Daniel Teodoro Nascimento, subsíndico do condomínio Jardim Mariana, também esteve presente no encontro e demonstrou preocupação com a falta de uma postura mais proativa das autoridades para evitar novos acidentes. “A reunião foi boa, mas queríamos uma coisa mais acertada do que seria feito, mas só ouvimos o que ainda pode ser feito. Vamos esperar mais quantas pessoas morrerem?”, questionou. “Nos foi passado que a questão está nas mãos da secretaria de Estado de Infraestrutura”.
Acidentes poderiam ser evitados
A preocupação dos representantes dos moradores do Jardim Mariana é garantir a segurança de motoristas e pedestres que trafegam pelo local. Uma das sugestões defendidas pela população é a instalação de redutores de velocidade e radares. Uma coisa é certa: há urgência em implementar medidas que tragam tranquilidade para quem usa a Rodovia do Contorno.
“A pista está com declive, com dois sulcos que as rodas das carretas fazem na parte de cima e, se fosse mudar o percurso da água, que eles falam que é o problema, não seria perto do ponto. Os acidentes acontecem na parte de cima e quando chove fica muito escorregadio e, mesmo sem chover, a pista induz a jogar do lado direito e, quando você puxa para o lado esquerdo, se estiver molhado, você invade a da esquerda. Não sei que tipo de material está se acumulando na pista, mas ela fica escorregadia quando chove”, explicou Felipe Cunha.
Enquanto isso, a pergunta de um dos subsíndicos continua sem resposta. “Vamos esperar mais quantas pessoas morrerem?”
Empreendimento
Construído às margens da Rodovia do Contorno, o Jardim Mariana é um bairro planejado, que começou a ser habitado em agosto de 2020. Atualmente o condomínio já está com 764 unidades habitacionais entregues e outras 264 em fase final de construção. Todos os empreendimentos daquele bairro estão enquadrados no Programa ‘Casa Verde Amarela’ do governo federal, o que possibilita o comprador adquirir o seu primeiro imóvel com subsídio de até R$ 47 mil, dependendo da renda familiar do proponente.
Não sou técnico nem engenheiro. Mas os problemas existentes naquele local como sempre se resume em obra mal feita, pois em todo trajeto da rodovia do Contorno verifiquei vários sulcos ou desníveis provocados pela passagens de caminhões e o que significa isso, solo mal preparado e o asfalto subdimensionado. E se está rodovia foi construída para desviar o fluxo de caminhões de dentro de nossa por uma via externa, deveria suportar mais o peso destes veículos. Meus filhos moram no Jardim Mariana sempre passo pelo local e vejo que minha prática em transporte (30 anos) os acidentes foram ocasionados pelo defeito na via. O trevo não foi responsável pelos acidentes muito pelo contrário, um espaço a mais para os condutores envolvidos. Preventivamente poderiam ser instaladas placas de sinalização indicando “PISTAS ESCORREGADIAS, REDUZA A VELOCIDADE”.