Era pouco mais de 7h de quarta-feira (dia 29), quando a equipe da Folha do Aço foi ao encontro do personagem principal desta reportagem. O termômetro registrava 13 graus em Volta Redonda e na Rodovia dos Metalúrgicos, escorado em uma árvore com seu carrinho, lá estava ele: Lourival Feres da Silva.

Não há quem passe pelo trecho de acesso ao conjunto habitacional Vila Rica, que não note esse senhor, de idade já avançada, mas cheio de energia para vender seus famosos biscoitos de polvilho. O que muita gente não sabe, porém, é o quanto aquele trabalho informal significa na vida de Lourival e sua família. Aos 86 anos, o motorista recebe R$ 1.212 mensais de aposentadoria. “Ganho um salário-mínimo, pago R$ 800 só de aluguel, pago água, luz, e o que sobra?”, questiona. E assim como grande parte da população brasileira, o idoso precisou buscar por uma renda extra para arcar com as despesas, já que o valor é insuficiente diante de tantos compromissos.

Com a esposa recém-operada para tratar um câncer no seio e um filho (do total de três) com transtornos psiquiátricos, Lourival passou a vender água de coco durante a pandemia. Com o tempo passando e a idade avançando, o idoso passou a ter dificuldades em carregar todo o peso da fruta e decidiu comercializar biscoitos de polvilho.

“Água de coco estava muito pesado e só vendia quando fazia calor. Já o biscoito é leve e vende a qualquer hora, até na chuva”, comenta o nortista, que chegou a Volta Redonda em 1999. Com seu carisma e simpatia, Lourival consegue vender cerca de 40 pacotes por dia, faturando algo em torno de R$ 60.

O dinheiro, segundo ele, é para ajudar nas despesas da casa e nos gastos com medicamentos. Sua esposa, além de ter sido diagnosticada com um câncer, também sofre de pressão alta, diabetes e crise de ansiedade. “Chego aqui antes das 6 da manhã e só saio depois de vender tudo”, acrescenta, sem deixar de demonstrar toda a gratidão que tem a Deus e àqueles que o ajudam. “Sempre recebo cestas básicas de pessoas que se preocupam com a gente. Sou grato a elas e a Deus, pela energia de conseguir manter essa atividade. Não gosto de ficar em casa, ocioso, minha família toda é assim. Sempre mexi com comércio e gosto muito. É uma terapia. Ficar deitado não é minha praia”.

Com desemprego ainda em alta, informalidade segue sendo a solução para muitos brasileiros

A história de Lourival não é muito diferente das cerca de 38,7 milhões de pessoas que, de acordo com o IBGE, atuam como trabalhadores informais. E, mesmo o mercado de trabalho dando fortes sinais de recuperação no Brasil, o desemprego ainda é alto. São cerca de 11,3 milhões de brasileiros em busca de uma oportunidade de trabalho.
De acordo com o mais recente levantamento do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), em maio deste ano, o Brasil registrou um saldo de 277.018 novos empregos formais. Foram 1.960.960 contratações com carteiras assinadas contra 1.683.942 desligamentos.

Em Volta Redonda, porém, apesar de a Prefeitura ter divulgado um saldo positivo para o mês, o número é menor que o registrado no ano passado. Segundo o Caged, Volta Redonda teve 226 novas vagas criadas em maio de 2022. Foram 2.503 admissões e 2.277 desligamentos. Só que, em 2021, foram 307 novos empregos no mesmo período.
Se compararmos os meses anteriores, VR segue com os números em queda. Em janeiro de 2021, o saldo registrado foi de 243 novos postos de trabalho. Porém, o mesmo mês deste ano teve resultado negativo em -116. Em fevereiro, o saldo foi de 354 em 2021, contra 309 neste ano. Já em abril do ano passado, foram 208 novos empregos formalizados, enquanto neste ano o resultado ficou negativo em -143.

O único mês de 2022 cujo resultado foi melhor que no ano passado foi março, com um saldo de 422, 13 a mais que os 409 registros de 2021. Apesar disso, o prefeito Neto acredita que o governo esteja no caminho certo.
“Estamos trabalhando para recuperar nossa cidade e incentivar o desenvolvimento econômico da região. Estão sendo desenvolvidas ações em todas as áreas para que a economia da cidade continue crescendo e novos empregos sejam gerados para a população”, afirmou.

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