No dia 24 de fevereiro de 1932, ou seja, 90 anos atrás, as mulheres brasileiras conquistaram o importante direito ao voto. Desde então, outros avanços foram ocorrendo referentes à participação feminina nos processos eleitorais no país, especialmente em 2010, quando o Brasil elegeu sua primeira e única mulher presidente, Dilma Rousseff.
Hoje, a presença das mulheres no processo eleitoral vem se tornando cada vez maior, não apenas entre o eleitorado, como também nas candidaturas. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), as mulheres são maioria entre os eleitores aptos a votar nas Eleições 2022. Isso porque das 156.454.011 de pessoas que poderão participar do pleito deste domingo (dia 2), 82.373.164 são do gênero feminino e 74.044.065 do gênero masculino. Ou seja, o número de eleitoras representa 52,65% do eleitorado, enquanto o de eleitores homens equivale a 47,33%. Tal representativa também ocorre no Rio de Janeiro, terceiro maior colégio eleitoral brasileiro. Dos 12.827.296 eleitores, 6.916.729 são do gênero feminino e 5.900.224 do masculino.
No entanto, embora componham a maioria entre os votantes, as mulheres continuam sendo minoria nos espaços de poder. Nas Eleições Gerais de 2018, apenas seis das 81 vagas do Senado Federal foram conquistadas por mulheres. Já na Câmara dos Deputados, o cenário é semelhante: dos 513 eleitos, somente 77 são do sexo feminino.
Apesar disso, a quantidade de candidatas em eleições gerais é a maior em duas décadas, ainda segundo o TSE. Neste ano, 9.434 mulheres disputam um cargo eletivo, um número 16,5% maior do que em 2018.
De acordo com o cientista político Guilherme Teixeira, existe um grande esforço coletivo, principalmente de movimentos feministas, em buscar a inserção da mulher na política. “Que é um espaço historicamente masculino, machista e misógino”, analisa Guilherme, explicando:
“É possível observar que esse cenário sofreu mudanças e, desde 2014, os partidos políticos estão cumprindo o quantitativo de ao menos 30% do número de candidaturas de mulheres, o que é um grande avanço. No entanto, mesmo com o aumento desses números, a representação feminina nas esferas do poder ainda é muito baixa. Isso demonstra que existem dificuldades em converter as candidaturas em pessoas eleitas, o que ocorre devido a questões sociais, históricas e econômicas, como a dificuldade de arrecadação de recursos financeiros, além do desafio de conseguir apoio de determinadas elites locais em um ambiente competitivo, no qual essas elites conservadoras escolhem apoiar candidatos masculinos”.
Neste ano, a Justiça Eleitoral lançou, em rede nacional, a campanha “Mais Mulheres na Política 2022”. A ação visa estimular medidas que garantam o acesso e a voz feminina nos espaços da vida política do país e também acontece em cumprimento ao artigo 93-A da Lei 9.504/1997: “O Tribunal Superior Eleitoral, no período compreendido entre 1o de abril e 30 de julho dos anos eleitorais, promoverá, em até cinco minutos diários, contínuos ou não, requisitados às emissoras de rádio e televisão, propaganda institucional, em rádio e televisão, destinada a incentivar a participação feminina, dos jovens e da comunidade negra na política, bem como a esclarecer os cidadãos sobre as regras e o funcionamento do sistema eleitoral brasileiro”.
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