Chegou ao fim a disputa judicial envolvendo a família Steinbruch, tendo como ponto central do conflito o controle da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e de outros negócios. Depois de aproximadamente cinco anos, os irmãos Léo e Clarice Steinbruch, primos de Benjamin Steinbruch, conquistaram o direito à participação direta no grupo. A comunicação aos acionistas e ao mercado em geral aconteceu na terça-feira (dia 22), com a publicação de um fato relevante.

Os irmãos Benjamin, Ricardo e Elisabeth Steinbruch – representados pela holding Rio Purus – estavam em rota de colisão com os primos, da CFL Participações, ao menos desde 2018. A CFL tentava há anos acabar com o acordo de acionistas da holding da família Vicunha Steel, que estava em vigor havia quase 30 anos e que controlava a CSN com cerca de 50,3% das ações com direito a voto na siderúrgica, uma das maiores do País.

Além da CSN, a família é dona do banco Fibra, de imóveis, de um haras, da Vicunha Têxtil e de fazendas, entre outros ativos. Outro ativo listado dos Steinbruch é a CSN Mineração, empresa que concentra as minas da empresa, como a Casa de Pedra.

Com o acordo, toda a configuração societária da empresa criada em Volta Redonda será alterada. A CFL, que possui cerca de 40% das ações com direito a voto da Vicunha Steel, passará a ter 10,25% de participação direta na CSN. A Rio Purus, de Benjamin e irmãos, por sua vez, deterá 40,99% na empresa, ainda via holding.

“Com o fim das disputas entre Rio Purus e CFL e o acordo de acionistas, a signatária (no caso a Rio Purus) prevê que não haverá mais controvérsia sobre o exercício do controle”, diz fato relevante enviado pela CSN ao mercado.

 A operação ainda depende de aval do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para ser implementada. Foi estabelecido ainda um período de bloqueio para a venda das ações da CSN por parte dos primos, por um prazo de nove meses. Caso decidam futuramente pela venda, a Vicunha Steel, que agora pertence apenas a Benjamin e seus irmãos, terá direito de preferência na compra. Em seu comunicado, no entanto, a CFL deixa claro que seu objetivo é de “investimento na sociedade”.

Segundo o documento enviado ao mercado, as partes se comprometeram a votar favoravelmente na aprovação de contas deste ano, além de dar aval aos dividendos que serão distribuídos. A CFL se comprometeu também a acompanhar o voto da Vicunha – ou se abster – em votações sobre os cargos de administração da CSN, o que na prática significa que não criará problemas para que Benjamin Steinbruch seja mantido na presidência.

 As empresas

As empresas da família Steinbruch, que inclui a CSN e a Vicunha, foram criadas nos anos 1960 pelos irmãos Mendel (pai de Benjamin, Ricardo e Elisabeth), que faleceu em 1993, juntamente com Eliezer (pai de Clarice e Léo). Os Steinbruch foram sócios do empresário Jacks Rabinovich, cuja sociedade foi desfeita em 2005.

Os desentendimentos familiares se tornaram públicos com a morte de Eliezer, em 2008. O acordo de acionistas da família Steinbruch foi firmado em 1994, após a morte de Mendel. Mesmo com fatias societárias diferentes, os herdeiros da família Steinbruch teriam o mesmo peso nas decisões dos negócios.

Com mais participação, Benjamin sempre centralizou as decisões, para descontentamento dos primos. Com isso, os primos tentaram dar início a um processo de desmembramento das empresas.

Foto: arquivo

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