O Ministério Público Federal (MPF), a pedido do Movimento Ética na Política (MEP), informou, durante audiência realizada na última quarta-feira (dia 22), os dados de pesquisa realizada junto aos moradores de Volta Redonda a respeito da poluição na cidade. A consulta aconteceu entre os dias 18 a 29 de julho do ano passado e ouviu 1.431 pessoas.

No documento, o procurador da República, Jairo da Silva, determina diligências nos bairros Belmonte, Conforto, Jardim Cidade do Aço, Jardim Paraíba, Retiro, Siderville, Vila Mury e Vila Santa Cecília, regiões próximas à Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), além do Aero Clube, Brasilândia e Volta Grande, circunvizinhos ao pátio de beneficiamento de rejeitos operado pela Empresa Harsco Metals.

“Em paralelo às visitas in loco, foi elaborado e distribuído um questionário para as associações de moradores e solicitado que divulgassem entre os moradores para que respondessem às perguntas pertinentes ao assunto alvo desta diligência”, descreve o procedimento a fim de averiguar a existência de indícios de recente piora na qualidade do ar e poluição sonora.

Segundo o MEP, em resposta à pergunta sobre indícios de recente piora na qualidade do ar provocada pela atividade industrial da CSN no município de Volta Redonda, 95,8% responderam que sim, perceberam a poluição do ar e/ou sonora. Ainda no relatório, sem precisar o período, a temporalidade da poluição foi descrita como há mais de 2 anos por 53,7% das pessoas ouvidas; entre um a seis meses por 18,8%; entre sete e 12 meses por 11%; entre um e dois anos por 10,7%; e no último mês e outras respostas 4,3%.

Em outra pergunta do MPF, relacionada diretamente sobre a piora na poluição sonora provocada pela atividade industrial da CSN, 40,5% dos moradores responderam que perceberam aumento da poluição sonora. “Também indicou os efeitos causados pela poluição do ar à saúde, considerados predominantemente no trato respiratório e alergias, como a piora dos sintomas da rinite, asma e bronquite. No aspecto urbano destaca-se notadamente a sujidade nas residências, pelo acúmulo de “pó preto” por “todo lado”, e também o depósito de camadas de “escória” nas vias públicas”, descreve o MEP.

SÉRIE HISTÓRICA DAS SONDAGENS DO MEP
Em 2000, o MEP realizou sondagem popular em Volta Redonda e ouviu presencialmente 600 pessoas, das quais 67,35% perceberam um aumento da poluição do ar, solo e água em relação ao ano anterior. Em 2010, uma nova sondagem com 400 entrevistas apontava que 82% considerava a cidade poluída. Já em 2022, por meio de sondagem em formato qualitativo, os respondentes indicaram a poluição em Volta Redonda como o item sociopolítico mais preocupante no município.

O MEP, no dia 26 de maio de 2007, realizou trabalho de campo com os estudantes do Pré-Vestibular Cidadão, em conjunto com os alunos do ensino médio do Colégio Estadual Nelson Gonçalves, localizado na Volta Grande IV. Na ocasião, foram visitadas 200 residências, sendo entrevistadas 220 pessoas residentes em ruas próximas da montanha de escória. O item relacionado aos efeitos causados pela poluição do ar à saúde, a exemplo da pesquisa do MPF, evidenciaram percepção de doenças, como bronquite, asma, leucopenia, sinusite, câncer, rinite, alergias de pele, irritação nos olhos.

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