O desfecho triste da confirmação da morte encefálica de uma jovem de 25 anos em Angra dos Reis, no último domingo (dia 21), desencadeou um ato de generosidade que poderá salvar outras vidas. Após a autorização da família para a doação dos órgãos, uma equipe especializada de profissionais de saúde entrou em cena no Hospital Municipal da Japuíba (HMJ), referência em captação na Costa Verde.

Seguindo o protocolo, o anestesista da unidade foi acionado imediatamente após a confirmação da morte encefálica para atenuar a resposta fisiológica e otimizar as condições para a doação. Simultaneamente, a equipe do Programa Estadual de Transplantes (PET) se deslocou para realizar a captação. Chegando ao local, os profissionais foram direcionados para uma sala cirúrgica totalmente equipada para o procedimento.

Rins e uma córnea foram captados durante o procedimento, com a equipe do PET sendo responsável pela captação dos rins e um profissional de um hospital em Volta Redonda realizando a retirada da córnea. Os órgãos foram transportados de maneira apropriada, assegurando sua chegada em perfeito estado para os receptores, conforme a fila de espera administrada pelos governos estadual e federal.

Registros

De janeiro a setembro de 2023, o Brasil registrou um total de 6.766 transplantes, o melhor resultado em uma década, segundo o Ministério da Saúde. Além disso, o número de doadores cresceu 17% em comparação com 2022, totalizando 3.060 doações.

Em setembro do ano passado, foi implementado o Programa de Incremento Financeiro para o Sistema Nacional de Transplantes, visando ampliar a capacidade de atendimento à demanda da população, mantendo a qualidade da assistência. Recentemente, em novembro, uma lei foi sancionada, instituindo a Política Nacional de Conscientização e Incentivo à Doação e ao Transplante de Órgãos e Tecidos.

O objetivo dessa política é destacar a importância das doações, promovendo discussões e esclarecimentos científicos para desmistificar o tema. Investimentos em programas de formação continuada para gestores e profissionais da saúde e da educação, contemplando a doação de órgãos, estão sendo realizados.

Como se tornar um doador

Para ser um doador de órgãos e tecidos, é crucial discutir com a família sobre o desejo de realizar a doação. Conforme a legislação brasileira, existem dois tipos de doadores: o vivo e o falecido.

Doador vivo

Pode ser qualquer pessoa disposta a doar, desde que a doação não prejudique sua saúde ou coloque sua vida em risco. Nesses casos, é possível doar um dos rins, parte do fígado, parte da medula óssea ou parte do pulmão. Parentes até o quarto grau e cônjuges podem ser doadores, enquanto não parentes necessitam de autorização judicial.

Doador falecido

São pacientes com diagnóstico de morte encefálica, geralmente vítimas de traumatismo craniano ou acidente vascular cerebral (AVC). Os órgãos doados vão para pacientes na lista única de transplantes, definida pela Central de Transplantes da Secretaria de Saúde de cada estado, e controlada pelo Sistema Nacional de Transplantes. Saiba mais em Disque Saúde 136 ou acesse www.gov.br/saude/pt-br/composicao/saes/snt.

Foto: Luis Fernando Lara

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