Com a campanha eleitoral em pleno andamento, os políticos em exercício precisam se adaptar para atender às demandas dos pleitos e dos cargos que ocupam. O prefeito Neto, candidato à reeleição pelo Partido Progressista (PP), enfrenta um desafio adicional: uma manifestação organizada por famílias de autistas adultos em defesa de seus direitos.
Em dezembro de 2023, uma mudança na política da Prefeitura interrompeu o atendimento a autistas adultos, que passaram a ser encaminhados para o Centro-Dia de Atendimento à Pessoa com Deficiência (Capd II) após completarem 30 anos. Segundo familiares, 39 pessoas com Transtorno do Espectro Autista foram afetadas pela mudança, que deslocou os atendidos do Sítio Escola Municipal Espaço de Integração do Autista Thereza Aguiar Chicarino de Carvalho (Semeia) para o Capd II, vinculado à Secretaria Municipal de Ação Comunitária (Smac).
Agora, os pais foram informados de que, a partir de 2025, todos os autistas com mais de 25 anos serão desligados da rede de atendimento, ficando sem suporte. “Estamos lutando pelos direitos dos nossos filhos, que estão sendo ameaçados pela Prefeitura e pela Secretaria de Educação”, afirmou Emiliana Ferreira Poiani.
Segundo Emiliana, o governo municipal está utilizando de forma inadequada uma diretriz da educação para justificar a interrupção do atendimento. “O artigo diz que o aluno autista deve ter a oportunidade de obter um diploma de conclusão do ensino fundamental, se estiver na escola regular há muitos anos. No entanto, isso se aplica à educação convencional e não à educação especial. A Prefeitura e a Secretaria de Educação estão usando essa diretriz para justificar a mudança, o que não se aplica aos alunos da educação especial.”
A Prefeitura de Volta Redonda informou aos familiares que os alunos do Semeia não teriam mais nada a aprender, no que diz respeito a parte pedagógica. “Sabemos que isso não é verdade. O objetivo parece ser retirar os autistas adultos da educação especial. O atendimento no Semeia não tinha idade determinada, a prefeitura delimitou para até os 30 anos no ano passado, mas agora será limitado a 25 anos. Já enfrentamos mudanças no ano passado e agora enfrentamos outra”, comentou Emiliana.
Em março deste ano, a Folha do Aço publicou uma matéria sobre a mudança no atendimento dos autistas, que foram forçados a deixar o Semeia. “Estamos muito tristes, algumas mães estão enfrentando sérios problemas. Os nossos filhos estão em crise, e ninguém percebeu o impacto negativo dessa mudança. Eles podem ser adultos, mas continuam sendo autistas e precisam de acompanhamento diário, que agora é mais difícil de ser provido”, disse uma mãe de um assistido com nível 3 de suporte.
Na ocasião da mudança, a Prefeitura prometeu que todos os assistidos seriam atendidos diariamente e com qualidade, mas a realidade tem sido diferente. “Faltam profissionais e transporte. Meu filho é atendido apenas uma vez por semana no Capd I, e não na frequência prometida. Muitos enfrentam dificuldades adicionais, como comorbidades ou deficiências físicas. A situação se agravou e a carga financeira também aumentou”, relatou uma mãe.
O governo municipal, segundo os familiares, não considerou a necessidade de adaptação dos autistas à nova rotina. “Meu filho tem acompanhamento apenas um dia na semana, em um lugar com o qual ele não está familiarizado. Ele leva meses para estabelecer vínculos com novos profissionais e ambientes. A promessa de atendimento diário não foi cumprida, e sentimos que fomos excluídos do sistema”, explicou uma mãe.
A reportagem da Folha do Aço enviou um e-mail para a Secretaria de Comunicação da Prefeitura, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição.