Com a chegada do inverno e o aumento de casos de gripe, influenza e outras síndromes respiratórias, a dengue parece ter saído do radar da população. No entanto, mesmo com a expressiva queda nos registos em comparação com o ano passado, a doença ainda inspira cuidados nas cidades da região Sul Fluminense.
De acordo com dados do Ministério da Saúde atualizados até 11 de junho, o estado do Rio de Janeiro contabilizou 27.456 casos prováveis de dengue em 2025. Foram confirmadas 11 mortes, e outras 13 seguem em investigação. Embora os números sejam significativamente inferiores aos de 2024 – ano em que o estado ultrapassou a marca de 302 mil casos e registou mais de 230 óbitos -, a situação ainda preocupa as autoridades de saúde.
Em Volta Redonda, os dados refletem essa desaceleração. Até o momento, foram contabilizados 392 casos prováveis de dengue em 2025, com apenas um óbito em investigação. Em 2024, o município viveu um cenário alarmante, com 22 mil casos e 33 mortes confirmadas – o que representa uma queda de cerca de 98,2% no número de casos.
Barra Mansa também apresenta redução: foram 157 casos nos primeiros seis meses do ano, contra 4.266 em todo o ano passado, uma redução de aproximadamente 96,3%. A cidade investiga ainda uma morte suspeita por dengue.
No município de Resende, os registos somam 178 casos prováveis este ano, sem nenhuma morte confirmada até o momento. Em 2024, foram 8.686 casos e 16 óbitos – o que corresponde a uma diminuição de cerca de 97,9% no total de casos.
Mesmo em queda, alerta permanece
Luiz Antonio Neves, professor do curso de Medicina do UniFOA, reforça que a redução nos números não significa que o risco desapareceu. “A dengue é uma doença muito importante que nos afeta há muitos anos, com um quadro clínico brando para a maioria das pessoas e, talvez por isso, muita gente não dá a devida importância ao cuidado com essa perigosa doença. Mas, infelizmente, muitas pessoas também adoecem com gravidade e morrem. É isso mesmo, a dengue mata!”, destaca o médico.
A dengue é uma arbovirose transmitida pela fêmea do mosquito Aedes aegypti. Quatro sorotipos do vírus circulam no Brasil (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4), e a reinfeção por diferentes sorotipos pode aumentar o risco de formas graves da doença. Entre os principais sintomas estão febre alta, dores no corpo, dor atrás dos olhos, fraqueza e manchas vermelhas na pele. Casos graves podem evoluir com dor abdominal intensa, vómitos, hemorragias e até levar à morte. Todos os grupos etários são suscetíveis, mas idosos, crianças pequenas, grávidas e pessoas com doenças crónicas são mais vulneráveis às complicações.
Vacinação e prevenção
O Brasil é o primeiro país a incluir a vacina contra a dengue no sistema público de saúde. A campanha teve início em fevereiro de 2024, e o médico Luiz Antonio Neves recomenda: “Jovens de 10 a 14 anos, tomem a vacina. Já há imunizante para esse grupo e, em algum tempo, teremos para todas as pessoas. Enquanto não chega, temos de cuidar. Juntos podemos vencer essa doença”, complementa o especialista.
Mesmo com a vacina disponível para alguns públicos, a recomendação é manter as ações de prevenção em casa. A eliminação de recipientes com água parada, o uso de redes ou telas nas janelas e a limpeza de ralos e caleiras continuam fundamentais. A orientação é que, mesmo em tempos de menor incidência, os cuidados sejam mantidos, evitando que o cenário volte a agravar-se nos meses mais quentes.
Serviço
Se apresentar febre alta repentina acompanhada de dor de cabeça, dores no corpo ou dor atrás dos olhos, procure imediatamente uma unidade de saúde. O diagnóstico precoce e o acompanhamento médico são essenciais para evitar complicações.