A manhã de quinta-feira (dia 4) foi de protestos em frente a agência da Caixa Econômica Federal no Centro de Barra Mansa. Dezenas de clientes da S2 Construtora e Incorporadora, que investiram na compra de apartamentos no Condomínio Cores da Barra, na Avenida Albo Chiesse, área central da cidade, participaram de uma manifestação cobrando o ressarcimento do valor investido na compra dos imóveis.
Financiadas pela Caixa, as obras foram paralisadas em maio de 2015 e, desde então, os clientes lutam para ter de volta o dinheiro pago. Os cerca de 244 mutuários exigem um posicionamento da instituição financeira.
Em tom de ironia, os compradores comemoraram o aniversário de sete anos de obras paradas. A festa teve até parabéns, com direito à distribuição de bolo e pipoca para quem passasse pela porta do banco.
“Essa ‘festa’ às avessas foi a forma que encontramos para despertar a atenção da Caixa para nosso martírio. São sete anos de obras paradas, dinheiro perdido e sonhos que viraram pesadelos. Não aguentamos mais essa situação”, afirmou o engenheiro Luiz Bardal, um dos clientes prejudicados. Com faixas e carro de som, o grupo pediu uma solução célere do banco para os mutuários prejudicados.
Empreendimento
Lançado pela S2 Construtora e Incorporadora, em 2013, o Condomínio Cores da Barra era o maior empreendimento imobiliário da cidade, na época, com orçamento total de R$ 98 milhões. A promessa era entregar, até dezembro de 2015, 345 apartamentos, de dois e três quartos, junto de uma grande estrutura de lazer, que incluía piscinas, academia, áreas de lazer e até cinema, numa área total de 27 mil metros quadrados.
Os problemas começaram em 2015, quando houve divergências entre a construtora e Caixa, como explicou o advogado Raphael Costa Tavares, um dos mutuários prejudicados. “A S2 apresentava planilhas com medições de obras que não eram aceitas pela Caixa. Com isso, o banco parou de repassar dinheiro à construtora que, por sua vez, alegou que não tinha condições para continuar as obras sem o repasse. A Caixa poderia acionar o seguro da obra para contratação de uma nova construtora, mas a S2 conseguiu uma liminar da Justiça, em agosto de 2015, que impediu o acionamento do seguro. Essa liminar só foi derrubada em 2020. Como já tinha se passado muito tempo desde a paralisação das obras, o que foi feito pela S2, cerca de 20% do total previsto, foi perdido. Nenhuma outra construtora quis assumir o contrato”, revelou.
O advogado contou que só decidiu investir na compra do apartamento ainda na planta porque o empreendimento tinha o financiamento da Caixa. “Pensava que participação do banco estatal na obra era sinônimo de segurança e confiança. Grande engano”, disse Raphael, que contabiliza cerca de R$ 65 mil de prejuízos.
Quem também decidiu investir no imóvel na planta para realizar o sonho da casa própria foi a servidora pública Tatiane de Almeida. “Sonhei em criar meus filhos num condomínio com uma infraestrutura espetacular. Investi minhas economias, meu dinheiro suado, em um sonho que virou um pesadelo. E o pior: hoje, me sinto completamente abandonada, nem a Caixa e nem a Justiça dão solução alguma”, afirmou Tatiane.
Ao final da manifestação, o empresário Carlos Henrique Pereira, presidente da Associação dos Compradores e Proprietários do Empreendimento Residencial Cores da Barra, entregou uma carta à gerência da agência Barra Mansa. “Esperamos que a direção do banco se sensibilize com nossa situação. Queremos celeridade do processo de restituição dos valores pagos, com juros e correção monetária, visto que a reconstrução das torres de apartamentos é desaconselhada por engenheiros devido ao péssimo estado de conservação das estruturas. Já nos reunimos com a superintendência da Caixa no Sul Fluminense diversas vezes, mas nunca nos deram um prazo para resolver. Queremos data para pôr fim a esse pesadelo”, finalizou Carlos Henrique.
Nota da Caixa
A Caixa Econômica informou, por meio de nota, que o Residencial Cores da Barra, em Barra Mansa, teve suas obras financiadas junto ao banco pela empresa S2 Construtora e Incorporadora, responsável pelo empreendimento, contudo a mesma não concluiu as obras.
“Diante da paralisação, o banco notificou a construtora para que entregasse a posse do canteiro de obras e fosse possível o acionamento do seguro para sua substituição, contudo a mesma judicializou a questão, impedindo que fosse dado prosseguimento ao processo de retomada das obras. Assim, considerando a demora na resolução da situação junto ao judiciário, como solução alternativa foram iniciadas tratativas junto aos mutuários para realização de distrato contratual, cujo processo está em aprovação junto às áreas técnicas do banco, com estimativa de conclusão em até 90 dias”, diz um trecho do comunicado à imprensa.
Por fim, a Caixa destaca ainda “que mantém contato permanente com a comissão de representantes dos adquirentes, para informá-los dos avanços no processo”.
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