O Dia Mundial de Prevenção do Suicídio, no próximo sábado (dia 10), será marcado no Centro Universitário de Volta Redonda – UniFOA por um bate-papo com o jornalista André Trigueiro. O encontro, gratuito e aberto ao público, terá como tema “A arte de seguir em frente: força, coragem e fé” e acontecerá no Auditório William Monachesi, no Campus Olezio Galotti, em Três Poços, às 10 horas.
Há 23 anos engajado na causa de prevenção ao suicídio, Trigueiro já esteve no UniFOA, em 2019, para abordar sobre o assunto e retorna ao local, a convite da Comissão de Prevenção de Acidentes (Cipa) da FOA, com a colaboração da empreendedora social Zenaide Rocha, em uma data emblemática do Setembro Amarelo – o mês dedicado à campanha de valorização à vida.
Após a palestra, o jornalista fará uma sessão de autógrafos também no auditório, onde quatro livros de André Trigueiro estarão à venda: “Viver é a melhor opção”, “A força do um”, “Espiritismo e Ecologia” e “Cidades e Soluções: Como construir uma sociedade sustentável”, título homônimo ao programa de TV que ele apresenta pela GloboNews.
Em entrevista prévia ao evento, que receberá público de Volta Redonda e região, o palestrante conta sobre seu comprometimento com a causa, como trabalha o assunto, ressalta a importância do envolvimento na prevenção do suicídio em um contexto geral, principalmente em relação ao acolhimento.
– Qual reflexão e impacto na vida do público você pretende causar com a palestra?
Venho fazendo isso desde 1999. Meu trabalho como jornalista e comunicador é tentar traduzir os saberes e conhecimentos dos especialistas na área da saúde que se debruçam sobre o fenômeno do suicídio. Há muita informação relevante que remete à prevenção do suicídio. Portanto, a experiência da gente com esse trabalho revela que informação pode fazer a diferença para pessoas que estão fragilizadas psíquica ou emocionalmente e principalmente às pessoas que dão assistência, convivem, conhecem alguém que esteja vivenciando uma crise e que essa crise eventualmente abre espaço para a ideação suicida.
– O tema da sua palestra, “A arte de seguir em frente: força, coragem e fé”, tem um público direcionado ou vale para todas as pessoas, independente do momento da vida?
É uma palestra aberta a todos os seguimentos, todas as faixas de público, de diferentes credos, diferentes visões de mundo. Eu não tenho, portanto, nenhuma pretensão de segmentar a abordagem desse assunto para um nicho, um recorte, um segmento. Todos são bem-vindos. Eu espero que as informações compartilhadas sejam de alguma maneira úteis a quem estiver presente.
– Há uma fala específica que possa ser direcionada à comunidade da FOA e UniFOA (estudantes, professores e funcionários), referente às pressões do dia a dia, por exemplo?
Toda escola, toda universidade tem uma importância estratégica, especialmente em momentos de crise. São faróis na neblina, sinalizando rumo e perspectiva, em termos ideais, portanto, o espaço do saber e do conhecimento deve apontar um caminho, deve usar os recursos para ajudar o maior número possível de pessoas. Pressão faz parte da vida, todos nós experimentamos ao longo da existência diferentes citações de pressão.
A pressão e o estresse não são necessariamente negativos. Por vezes, a gente precisa entender que um determinado gênero de estresse ou determinada situação em que nos sintamos pressionados, embora não seja confortável num primeiro momento, tem uma função positiva. É como colesterol, tem o bom e o ruim. Portanto, existem as situações de pressão e estresse que são a nosso favor, não são contra nós. Agora, tudo em demasia, tudo em exagero, gera um desequilíbrio. Portanto, a pressão ou estresse exagerados causam distúrbios, causam anomalias e isso não favorece a nossa saúde, o nosso equilíbrio e serenidade.
Então, a gente precisa, sim, em qualquer circunstância, em qualquer lugar, em qualquer tempo, estar muito atento ao momento. Como nós estamos, que fatores eventualmente nos predispõem a um desalento, a um desânimo, a uma afobação, eventualmente uma ansiedade, uma angústia. Nós podemos atenuar o impacto de fatores que são hostis ao nosso psiquismo a partir da consciência. E podemos reconhecer que por vezes não reunimos sozinhos a força, as melhores condições, para reagir a esses fatores hostis. É quando a gente deve procurar ajuda especializada, sem hesitar, sem medo, pelo contrário: dando graças de vivermos em um tempo em que isso é possível.
– E para os profissionais da saúde?
Os profissionais de saúde são os verdadeiros heróis da pandemia, suportaram inúmeras pressões, antes da vacinação, principalmente. Foram privados do conforto da família, ficaram expostos a riscos importantes, muitos partiram durante a pandemia, outros ficaram de alguma forma sequelados pelas condições, em boa parte dos casos, impróprias para o melhor desempenho profissional.
Então, a gente precisa reconhecer o valor dos enfermeiros, dos médicos, dos funcionários das redes hospitalares pública e privada. É um exército, um contingente numeroso de pessoas, as quais devemos uma profunda gratidão. E são seres humanos como nós. Eles cuidam da gente nos momentos difíceis. A pergunta é: quem cuida deles? A gente precisa ter essa noção. O respeito e o acolhimento a esses profissionais.
– O que o público pode esperar da sua palestra?
O público pode esperar um trabalho que não tem outra pretensão ou objetivo além de levar informação que seja útil para consciência do problema do suicídio, enquanto caso de saúde pública no Brasil e no mundo, o entendimento de que o suicídio é prevenível, a necessidade de todos nós nos entendermos como agentes de saúde informais, o conhecimento nos dá essa condição, a informação pode salvar vidas e eu espero apenas repassar essa informação adiante.
O que cada um vai fazer com a informação é assunto de cada um, a minha parte é essa. Eu fui buscar informação onde ela foi elaborada, investigada, cientificamente produzida, seguindo os protocolos na área do conhecimento científico, na área da psicologia, psiquiatria, suicidologia, relatórios da Organização Mundial da Saúde, da Organização Pan-Americana da Saúde, do Ministério da Saúde. Eu sou jornalista, a minha função é comunicar informações de utilidade pública. E é o que eu estou fazendo, espero apenas ser útil.
– O que te motiva a trabalhar esse assunto e levar a palestra a tantos lugares?
É a minha função. Nenhum de nós é uma ilha, eu estou inserido numa comunidade. E cada um de nós deveria se sentir parte integrante de algo maior, uma célula inserida num tecido aonde cada parte desse tecido está interligada com as outras. Nós somos seres interligados, interdependentes, interagimos o tempo todo. Então, estou cumprindo minha função de comunicador, de jornalista, sou espírita cristão, tenho essa visão da importância da vida, da existência que tem um propósito, tem um significado, a gente não veio ao mundo por obra do acaso, sorte ou azar, eu não acredito nisso.
Sinceramente entendo que a vida tem um significado, um sentido, um propósito. E que o suicídio, de fato, não traz a rigor mudanças para melhor na realidade de quem deliberadamente se lança na direção do autoextermínio. Então, em resumo, me parece todos deveríamos nos sentir comprometidos com essa nobre causa da vida, da saúde e do equilíbrio. A gente deve fazer isso por uma questão de princípios, de ética, de valores. É o que me move, é o que me faz estar no Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio em Volta Redonda, mais uma vez.
Foto: divulgação