A relação entre a prefeitura de Angra dos Reis e a direção da Eletronuclear atravessa um momento de desgaste, semelhante ao que acontece entre o Município de Volta Redonda e a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). No caso da cidade da Costa Verde, a crise foi agravada pelo fato da empresa responsável pela operação da usina nuclear de Angra 1 não ter notificada as autoridades locais do descarte irregular de substâncias radioativa.

Desde que tomou conhecimento deste episódio, ocorrido em setembro de 2022, mas que por meses permaneceu ocultado pela estatal, o prefeito Fernando Jordão (PL) subiu o tom. Em audiência pública na Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados, em Brasília, na semana passada, o político cobrou o diretor-presidente da Eletronuclear, Eduardo Grivot, para que a empresa cumpra com as normas internacionais de comunicação de acidentes com material radioativo, independentemente da quantidade ou do potencial de danos às pessoas, ou ao meio ambiente.

“Não são vocês [Eletronuclear] que vão decidir que a partir de agora vão comunicar. São normas internacionais. [Vocês] sabem disso, [mas] omitiram a comunicação do evento. Isso foi muito grave”, enfatizou Jordão.

A estatal, por sua vez, admitiu na mesma audiência pública que não tem dinheiro para pagar os R$ 264 milhões que deve à prefeitura de Angra a título de compensações ambientais pela construção da usina nuclear Angra 3. Grivot argumentou que, com a interrupção das obras de Angra 3, durante a Lava Jato, não há recursos orçamentários para quitar a dívida.

“Eu assino o compromisso de R$ 264 milhões, apresentado pela Prefeitura, mas eu não vou ter dinheiro para pagar tudo. Há um problema de orçamento, que é público. Mas não tenho R$ 264 milhões”, disse.

Na tentativa de solucionar o conflito, o superintendente de Energias Limpas da secretaria de Estado de Energia e Economia do Mar, Sérgio Coelho, anunciou a disponibilidade do governo estadual para intermediar um acordo. Coelho ressaltou a importância do projeto e destacou o papel fundamental que o governo do estado e a Associação Comercial do Rio têm desempenhado nesse processo.

O posicionamento aconteceu na terça-feira (dia 23), em reunião na capital fluminense. No encontro, o presidente da Eletronuclear, Eduardo Grand Court, enfatizou a importância da indústria nuclear para o Rio de Janeiro, uma vez que impulsiona a economia em toda a cadeia produtiva do setor. Segundo Grand Court, considerando toda a cadeia produtiva, o setor nuclear atualmente gera mais de 100 mil  postos de trabalho.

Ele ressaltou que a construção da Usina Nuclear Angra 3 será responsável pela criação de sete mil empregos diretos e 20 mil indiretos. A finalização dessa obra de grande porte exigirá investimentos diretos da ordem de R$ 20 milhões. Em uma área de apenas 1,1 km², Angra 3 terá um potencial energético de 3,5 gigawatts, proporcionando uma fonte de energia firme e disponível.

Eduardo Grand Court citou que a construção da usina também impulsionará a circulação de capital no estado, com a arrecadação de impostos. A encomenda de cada conjunto turbogerador da Nuclep, por exemplo, será responsável pela geração de dois mil empregos.

O presidente reforçou seu compromisso com a indústria nuclear 100% no Rio de Janeiro, reconhecendo seu impacto positivo na economia local. A construção de Angra 3 alavancará a cadeia produtiva do setor nuclear, gerando empregos e estimulando o desenvolvimento econômico do Estado.

O deputado federal Júlio Lopes abordou a questão da composição da nova tarifa de Angra 3, ressaltando a importância de uma análise mais criteriosa. Ele afirmou que seria adequado considerar somente os custos de projeção, construção e a quantidade de energia que a usina irá gerar no estudo que está sendo realizado pelo BNDES.

O parlamentar destacou a necessidade de se desconsiderar os custos já afundados e decorrentes do atraso no cálculo da tarifa. Por fim, o deputado enfatizou a importância da conclusão das obras de Angra 3 como uma prioridade e reconheceu o papel crucial do governo do Estado e da Associação Comercial do Rio nesse processo.

A Eletronuclear, em conjunto com seus parceiros e líderes do setor nuclear, reafirma o compromisso de continuar trabalhando em estreita colaboração com o Governo do Estado do Rio de Janeiro para superar os desafios e garantir a conclusão bem-sucedida das obras de Angra 3. A conclusão de Angra 3 é de fundamental importância para impulsionar o desenvolvimento regional, gerar empregos e fortalecer a economia do estado do Rio, além de contribuir para a matriz energética nacional.

Plano de Emergência e

Segurança Nuclear

Na terça-feira (dia 30), às 18h30, no Clube Náutico de Praia Brava, em Angra, acontecerá o “Encontro PEE 2023 – Plano de Emergência Externo do Estado do Rio de Janeiro”. Gratuito e aberto ao público, o evento pretende esclarecer dúvidas e desmistificar o tema junto à população da região, abordando aspectos relativos ao PEE e à segurança das usinas nucleares.

Entre as apresentações do encontro, que faz parte de uma série de ações realizadas anualmente, está a participação da Eletronuclear, falando da importância da empresa para a região da Costa Verde. Também participarão das palestras a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), o Ibama e as defesas civis do Estado e a do Município de Angra.

Ainda, estarão presentes representantes de entidades ligadas ao setor nuclear brasileiro, bem como de instituições integrantes do Sistema de Proteção ao Programa Nuclear Brasileiro (Sipron), que tem o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI/PR) como seu órgão central. 

Foto: divulgação/Eletronuclear

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