Anunciado com pompas e de forma detalhada à associação de moradores da Vila Santa Cecília e representantes do comércio local, na data de 1º de setembro de 2021, o projeto de modernização da Rua 33 segue sem conclusão, praticamente dois anos depois de seu início. Na época, o prefeito Neto (PP) afirmava que “a revitalização iria adequar”, segundo ele, “a 33 às necessidades atuais da população”.

A situação começou a desandar ainda naquele ano, quando a empresa vencedora da licitação jogou a toalha. Hoje, 23 meses se passaram e o cenário chega perto do insuportável para estabelecimentos comerciais e profissionais liberais – como médicos e dentista. A população também é prejudicada, convivendo com buracos, poeira e o fechamento de trechos da via que abriga um dos maiores centros comerciais e de serviços do município.

Mudanças na condução do projeto original foram divulgadas em 5 de novembro de 2021, quando a Prefeitura anunciou que acrescentaria melhorias e a readequação, com construções de novas redes de água e esgoto. Além disso, a Rua 33 receberia um novo ordenamento para o cabeamento utilizado nos serviços de telefonia, eletricidade e transmissão de dados. Todos subterrâneos. Como argumento, utilizaram o fato de a via ter sido planejada para ocupação residencial.

Retirada de pedras portuguesas

Considerada pelo prefeito Neto como um “patrimônio cultural”, a primeira coisa que a administração fez no novo projeto foi retirar de cena as históricas pedras portuguesas, que durante décadas fizeram parte do cenário na Vila Santa Cecília. Até hoje ninguém consegue responder que fim foi dado a elas. 

Segundo levantamento feito por um engenheiro, o custo das “pedrinhas” retiradas do local, a preço atual no mercado, seria algo em torno de R$ 800 mil. Ou seja, dinheiro jogado na lata de lixo.

Em junho de 2022, o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae-VR) começou a escavação e a troca total da rede de água e esgoto, alcançando seis quadras no sentido Praça Brasil – da Rua 60 até a 48. Naquele momento, foi divulgado que, no total, a autarquia municipal substituiria dois quilômetros de tubulação.

Com as primeiras intervenções no local e a indefinição dos trabalhos, em outubro de 2022, o governo municipal, para não ficar tão “mal na foto” com os comerciantes e a população, resolveu gastar mais alguns milhares de reais e realizar uma concretagem em toda a extensão das calçadas. Mais uma vez, dinheiro jogado fora.

Orçamento de mais de R$ 18 milhões

A nova fase de revitalização da Rua 33 foi iniciada no dia 2 de fevereiro de 2023, com a previsão de adequações no piso das calçadas, acessibilidade para cadeirantes e deficientes visuais; modernização dos pontos de ônibus; plantio de novas mudas de árvores, na maioria arbustos com floração; e implantação de paraciclo, estrutura que permite apoiar e trancar a bicicleta de forma segura.

De concreto, por enquanto, apenas a substituição da iluminação por lâmpadas de LED, mais econômicas, garantindo cores nítidas e a sensação de maior segurança. O custo estimado de toda a modernização da Rua 33, na Vila, supera a ordem de R$ 18 milhões.

Prejuízo aos comerciantes e prestadores de serviço

Com o cronograma da obra em atraso, a nova promessa do prefeito Neto é que o serviço será entregue em outubro desse ano. Um trecho das calçadas, que vai das Ruas 60 até a 54, no sentido Praça Brasil, já dá o tom do cenário de quando ficar pronto.

Folha do Aço ouviu alguns comerciantes do local, no entanto, os que aceitaram falar com a reportagem pediram para não serem identificados na matéria. “Temos medo de retaliações por parte do Neto. Vocês sabem que a fama dele é de perseguidor e vingativo”, disse um deles.

“Os prejuízos em alguns casos chegam à casa de 70% do faturamento de alguns comerciantes”, afirmou outro empresário. Um comerciante citou que a grande preocupação é no atraso da obra, que só trará mais prejuízos. “Se chegar o Natal do jeito que está, estaremos perdidos”, afirmou.

Os prejuízos não estão sendo sentido só por quem tem comércio de varejo, citou mais um empresário. “As clínicas estão sendo prejudicadas, as farmácias, quem trabalha com toda sorte de comércio no local não aguenta mais tanta incerteza”, observou.

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