A Polícia Federal deflagrou, nesta quinta-feira (dia 19), a Operação Cifra Dourada para desarticular rede criminosa especializada no tráfico nacional e internacional de animais silvestres da fauna brasileira ameaçados de extinção.
Na ação de hoje, policiais federais cumpriram um mandado de busca e apreensão, no município de Cabo Frio/RJ, contra um investigado suspeito de ser um dos caçadores profissionais de micos-leões-dourados responsável por fornecer tais animais ao grupo criminoso. A ordem judicial em questão foi expedida pela 2ª Vara Federal de Niterói/RJ. Durante as buscas, os policiais apreenderam armadilhas de caça de micos.
Em fevereiro de 2024, a Polícia Federal – por meio da Operação Akpé – repatriou 17 micos-leões-dourados e 12 araras-azuis-de-lear, que foram vítimas de tráfico internacional e estavam no Togo, país situado na África Ocidental. Ambos os animais são endêmicos de áreas específicas do território brasileiro e estão seriamente ameaçados de extinção.
Mais recentemente, em agosto deste ano, outras vítimas do tráfico de animais foram recuperadas pelas autoridades e apreendidas, desta vez pela Polícia Rodoviária Federal, no município de Porto Velho, capital de Rondônia. Dos 11 animais silvestres apreendidos na ocasião, oito eram micos-leões-dourados.
A partir de ação integrada entre a Polícia Federal, o Centro de Primatologia do Rio de Janeiro, o ICMBio, o IBAMA e a Associação Mico Leão Dourado, foi possível rastrear a origem geográfica de alguns dos animais apreendidos, de forma a confirmar que pelo menos sete desses micos-leões-dourados encontrados – três no Togo e quatro em Porto Velho – têm exatamente a mesma origem geográfica: o Parque Natural Municipal do Mico-Leão Dourado, situado em Cabo Frio.
A PF ainda irá realizar Perícia Criminal Federal para estimar quais espécimes haviam sido retirados recentemente da natureza, quais estavam em cativeiro por alguns meses e aqueles que já estavam em cativeiro há mais de um ano. Foi coletado material biológico dos animais para aprofundamento dos exames periciais, e serão utilizadas tanto metodologias tradicionais, como análise morfológica e sanitária dos espécimes, quanto inovadoras, como as análises isotópicas e genéticas.
O investigado foi preso em flagrante pelos crimes de caça profissional de animal silvestre, por manter em cativeiro de forma ilegal animais silvestres, por maus-tratos e pelo uso de anilha falsa. Além disso, ele também responderá pelos crimes de receptação qualificada e pelo crime de perigo para a vida ou saúde de outrem.
O preso foi encaminhado à Delegacia de Meio Ambiente (DMA), na Superintendência da PF no Rio de Janeiro, para lavratura do auto de prisão em flagrante. Após, ele será encaminhado ao sistema prisional, onde permanecerá à disposição da justiça.