Palácio 17 de Julho destina mais de R$ 4,2 milhões para sede da Guarda Municipal enquanto obras essenciais seguem atrasadas

Em meio às dificuldades para entregar obras públicas essenciais à população, a Prefeitura de Volta Redonda tem priorizado investimentos em estruturas administrativas. A mais recente iniciativa foi a publicação, na quinta-feira (dia 15), do edital de licitação para reforma e ampliação da sede da Guarda Municipal, na Ilha São João. O valor previsto é de R$ 4,2 milhões, com prazo de execução de 18 meses.

O projeto prevê ampliar a área construída de 635,11 m² para 1.476,67 m², incluindo recepção com hall, elevador, auditório, academia, área gourmet, refeitório completo e novos setores, como inteligência, corregedoria, monitoramento, formação e alojamentos reformados. A obra será supervisionada pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano (IPPU), com licitação marcada para o dia 30 deste mês.

Além da Guarda Municipal, o governo municipal executa outras obras voltadas à estrutura administrativa. Em maio, foi iniciada a construção da nova sede da secretaria municipal de Educação (SME), na Ilha São João, orçada em R$ 8,2 milhões, sem contar mobiliário.

Também está em andamento a construção da nova e moderna sede da secretaria da Pessoa com Deficiência (SMPD), no Jardim Paraíba. Orçada em R$ 2,5 milhões, a obra acumula atrasos significativos. A entrega, prevista para setembro de 2023, não foi cumprida. Em 11 de fevereiro, a Prefeitura assinou o segundo termo aditivo com a empresa Construflex Soluções e Serviços, prorrogando o prazo em seis meses. A expectativa é a conclusão para agosto deste ano – 11 meses de atraso.

Está em andamento também a reforma do imóvel que abrigará a recém-criada secretaria de Proteção e Defesa Animal (SMPDA), no bairro Conforto, ao custo de R$ 144,7 mil.

Enquanto isso, obras que beneficiariam diretamente a população permanecem paralisadas ou avançam lentamente. A ciclovia no Conforto, iniciada há mais de dois anos, ainda não foi entregue. O Ginásio Poliesportivo da Ilha São João está fechado desde maio de 2022.

A prometida UPA do Santo Agostinho, na Rua 1017, Volta Grande II, segue sem previsão de reabertura. A revitalização da Rua 33, na Vila Santa Cecília, além de reformas e ampliações em diversas escolas municipais, também enfrenta atrasos.

Prioridades questionadas

A publicação do edital para a sede da Guarda ocorre cerca de 90 dias após o prefeito Neto (PP), em seu sexto mandato, decretar estado de calamidade financeira na saúde pública, alegando falta de recursos para manter serviços essenciais e flexibilizando regras fiscais para contratações emergenciais. O contraste entre a crise em setores básicos e os altos investimentos em sedes administrativas tem gerado críticas da população.

Contribuintes de Volta Redonda questionam as prioridades da gestão, apontando que a máquina pública parece mais empenhada em ampliar prédios e secretarias do que em atender às necessidades diretas da população.

“A gente vê as obras da nossa comunidade paradas, e o dinheiro sendo gasto para construir prédios para os próprios servidores. É difícil entender essa prioridade, quando a saúde e a educação estão sucateadas”, afirma Ana Nogueira, moradora do bairro Eucaliptal.

José Carlos Linhares, aposentado do Ilha Parque, acrescenta: “A UPA do Santo Agostinho poderia salvar vidas, mas não funciona. Enquanto isso, vão gastar milhões em uma sede nova para a Guarda Municipal, que nem precisamos agora. Parece que o governo esqueceu de quem paga os impostos.”

Para o estudante Pedro Mendes, do bairro Aterrado, “é decepcionante ver os prazos atrasados e obras essenciais que nunca terminam, enquanto a Prefeitura foca em gastar em prédios e reformas internas. A cidade precisa de ações que realmente impactem a vida da população.”

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