O grupo de especialistas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o Observatório Covid-19, que faz o monitoramento da pandemia de coronavírus, publicou, na terça-feira (dia 6), mais uma edição de seu boletim extraordinário. O documento alerta para a possibilidade da crise de saúde pública se agravar durante o mês de abril no Brasil.
De acordo com os pesquisadores, o vírus continua circulando de forma intensa no território nacional, com aceleração da transmissão. A taxa de letalidade, que estava por volta de 2% no final de 2020, chegou a 4,2%. A explicação do grupo para a alta é a falta de capacidade do serviço hospitalar de diagnosticar a tempo e de forma correta os casos graves, aliada à baixa capacidade de atendimento.
Dentre as medidas de bloqueio propostas, estão a proibição de eventos presenciais, como shows, congressos, atividades religiosas, esportivas e correlatas em todo território nacional; a suspensão das atividades presenciais de todos os níveis da educação do país; o toque de recolher nacional a partir das 20h até as 6h da manhã e durante os finais de semana; o fechamento das praias e bares; a adoção de trabalho remoto sempre que possível, tanto no setor público quanto no privado; a instituição de barreiras sanitárias nacionais e internacionais, considerados o fechamento dos aeroportos e do transporte interestadual; a adoção de medidas para redução da superlotação nos transportes coletivos urbanos; a ampliação da testagem e acompanhamento dos testados, com isolamento dos casos suspeitos e monitoramento dos contatos.
O pedido dos especialistas é que as medidas sejam adotadas em todos os estados, capitais e regiões de saúde com taxa de ocupação de leitos de UTI acima de 85%, e que sejam mantidas por pelo menos 14 dias, a depender da situação do local. Apenas três estados têm ocupação menor do que a porcentagem sugerida pela Fiocruz: Amazonas, Roraima e Paraíba.
Os pesquisadores querem ainda uma ação coordenada entre todos os níveis do governo (federal, estadual e municipal), assim como entre os poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário). “Coerência e convergência são fundamentais neste momento de crise para que as medidas de bloqueio sejam efetivamente adotadas de forma a sair do estado de colapso de saúde e progredir para uma etapa de medidas de mitigação da pandemia, diminuindo o número de mortes, casos e taxas de transmissão e efetivamente salvando vidas”, escrevem.
A aceleração da vacinação e a ampla testagem também são indicadas como ações importantes para frear a pandemia, assim como condições para que a população possa ficar em casa.
Foto: Divulgação Governo do Estado
Com informações do Metrópoles