Pouco menos de uma semana depois do nome do tenente-coronel da Polícia Militar Luiz Henrique Monteiro Barbosa ser especulado para assumir a secretaria de Segurança Pública de Volta Redonda, a atuação do atual comandante da Guarda Municipal, inspetor João Batista Reis, voltou a ser questionada e analisada nos corredores do Palácio 17 de Julho. O episódio mais recente foi a ação truculenta de seus subordinados, registrada na quarta-feira (dia 15) por câmeras de celulares.

Um homem, já dominado por dois guardas, foi agredido por um terceiro agente com pelo menos cinco golpes de cassetete. A vítima não teve chance de defesa. Imagens que circularam pelas redes sociais revelam que, ao mesmo tempo, outro homem também era contido por integrantes da corporação.

A cena, ocorrida no Largo Nove de Abril, na área central da Vila Santa Cecília, revoltou quem passava pelo local, despertando também uma enxurrada de comentários negativos nas redes sociais. “A farda sobe muito na cabeça de alguns guardas, outros se sentem militares do Bope [grupo de elite da PM]. Outros trabalham corretamente, outros se sentem policiais e por aí vai. O principal eles não buscam, que é se preparar e entender a posição deles perante a sociedade”, afirmou um munícipe. “Manda ir até a Colina. Será que estão com essa bola toda?”, disse outra moradora, fazendo alusão às recentes aglomerações registradas na Praça da Colina.

O homem agredido pelos agentes da GM foi conduzido à 93ª Delegacia de Polícia, onde o fato foi registrado como desacato, ameaça e lesão corporal, segundo o delegado Edézio de Castro.  

Atitudes truculentas e autoritárias de alguns componentes da GM não são inéditas em Volta Redonda, sobretudo nos governos do prefeito Neto (DEM). Tanto em épocas anteriores quanto agora, atitudes, no mínimo, questionáveis por parte dos agentes acontecem nas ruas da maior cidade do Sul Fluminense.

A Folha do Aço vem noticiando que certas abordagens estavam causando questionamentos sobre o protocolo adotado. Em 26 de julho, por exemplo, uma guarnição abordou artesãos que tradicionalmente vendem seus produtos, no Largo Nove de Abril. Uma agente, percebendo que estava sendo filmada por populares, se exaltou e afirmou que levaria à delegacia a mulher que registrava as imagens. A condição, de acordo com a servidora, seria de testemunha dos artesãos, que se negavam a deixar o local.

Em outra oportunidade, uma guarda se alterou e armou um verdadeiro “circo” com um motoboy, no bairro 207. A discussão entre os dois foi parar na 93ª DP.    

Enfrentando forte desgaste (interno e da opinião pública), o chefe da guarda se agarra na relação de confiança construída com o prefeito Neto. Outra situação que pode prolongar a estada de Batista na cadeira principal da corporação é o retorno do tenente-coronel Luiz Henrique ao governo, para ser secretário de Segurança Pública. O oficial da PM deixou na última semana o comando do Batalhão de Policiamento em Vias Especiais (BPVE), com sede no Rio de Janeiro, e estaria numa espécie de “geladeira” dentro da corporação.

Como existe uma Lei Municipal determinando que, obrigatoriamente, o cargo de chefe da Guarda deve ser ocupado por servidor de carreira da corporação, Batista poderia se beneficiar, ficando vinculado ao secretário. A dupla Luiz Henrique e Batista, aliás, reuniu-se às portas fechadas na última quarta-feira (dia 15), na sede da instituição, na Ilha São João.

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