O assunto parece antigo, iniciado às vésperas das eleições municipais de 2020 e que provocou uma verdadeira disputa nos tribunais para garantir o registro de candidatura e a posterior posse – por liminar – do prefeito Neto (DEM), no Palácio 17 de Julho. Quase dois anos depois, o ponto central da polêmica volta ao debate político da Cidade do Aço.

Desta vez existe com um agravante: a acusação verbal de que vereadores da legislatura 2017-2020 teriam recebido vantagens para reprovar as contas das administrações anteriores de Neto. A afirmação é do atual prefeito e foi dada na manhã de quinta-feira (dia 17), durante entrevista a um programa de rádio.

Nominalmente, Neto citou dois de seus principais desafetos políticos: Samuca Silva e Washington Granato. O ex-prefeito e o ex-presidente do Poder Legislativo são apontados como articuladores do movimento que levou a formar maioria na Câmara, à época, resultando na rejeição de duas de suas contas, uma referente ao exercício de 2011 e outra relativa a 2013. 

De acordo com Neto, a dupla Samuca e Granato teria garantido R$ 20 mil a cada parlamentar para assegurar o voto pela rejeição dos balanços financeiros. A manobra teria como pano de fundo a retirada da corrida eleitoral de 2020 do candidato do DEM. Isso porque, existia o entendimento naquela oportunidade de que a reprovação significaria a inelegibilidade de Neto por oito anos, conforme previa a Lei da Ficha Limpa.  

Derrotado no plenário do parlamento municipal, Neto conseguiu o improvável: garantiu na justiça o registro de candidatura, venceu as eleições ainda no primeiro turno (com 57,20% dos votos válidos) e retornou ao poder. A hora do troco parece ter chegado, mesmo com ele negando veemente que tenha procurado vereadores para costurar um possível acordo. “Eu não vou fazer o que o Samuca fez comigo. Ele e o Granato”, disse.

Coincidência ou não, a insinuação (até o momento sem apresentação de prova) aconteceu horas antes de a Câmara Municipal votar os pareceres do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ), desta vez referentes aos exercícios financeiros dos dois primeiros anos da gestão de Samuca: 2017 e 2018. Com a máquina pública na mão e base de apoio consolidada na Câmara, não é segredo para ninguém que a revanche contra Samuca está próxima.

Confira a íntegra da acusação de Neto contra Samuca e Granato:

“Eles deram R$ 20 mil para a grande maioria dos vereadores contratar pessoas para trabalhar em cargos, e eles votaram contra as minhas contas. Hoje tem vereadores que eu conheci melhor, que foram induzidos a votar contra a gente, mas jamais vou esquecer pessoas que assumiram o compromisso comigo, como o Mauricio Pessoa, que para mim foi uma decepção.

O que o ex-vereador Granato fez não existe. E o Samuca? Isso é covardia. Eu não pedi pra nenhum vereador votar contra a conta do Samuca, nenhum. A consciência que vai dizer para esses vereadores. O que ele [Samuca] fez em Volta Redonda foi uma covardia, tanto é que de quatro contas, ele teve três rejeitadas.

Eu não quero nem saber, o julgamento dele [Samuca] já teve. Perdoo e esqueço alguns, mas tem uns que não consigo esquecer. Como você vai esquecer um vereador que foi eleito com 852 votos, com a minha ajuda e do major Henrique? O vereador Isaac que eu ajudei a eleger e votou contra as minhas contas.

Eu não quero ficar lembrando as outras pessoas porque eu fico triste de lembrar. Isso é passado, a população de Volta Redonda reconheceu o nosso trabalho”.

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