Um grupo criminoso composto por quatro membros foi alvo de uma operação da Polícia Civil e do Ministério Público do Rio de Janeiro, deflagrada na quinta-feira (dia 18), em Resende. O quarteto, composto por dois homens e duas mulheres, é acusado por diversos crimes, como falsidade ideológica, calúnia, ameaça, stalking (perseguição), corrupção ativa, ameaça e associação para o tráfico de drogas.

Intitulada ‘Profile’ (perfil da rede social Facebook), a ação cumpriu 14 mandados de busca e apreensão na cidade. Segundo a polícia, um dos membros da quadrilha é cunhado e outra é irmã do principal líder da facção criminosa Comando Vermelho da Região Sul Fluminense.

As investigações apontaram que os quatro acusados seriam os responsáveis pela estruturação de uma rede de perfis e grupos jornalísticos falsos, que tinham como objetivo publicar supostas matérias e publicações em redes sociais com acusações errôneas contra policiais civis e militares. Para isso, eles utilizavam de três perfis ‘fakes’ e de um falso grupo jornalístico no Facebook de nome “Voz Secreta”, onde faziam denúncias contra policiais e políticos da região.

Conforme as apurações, a criação dos perfis falsos e os ataques às instituições públicas ocorreram logo após a troca de titularidades de delegacias da região. “Assim, a malta criminosa, insatisfeita com as trocas de autoridades na 89º de Resende (principal reduto das lideranças da facção criminosa), passaram a difundir em redes sociais, desinformações e falsas acusações, afirmando que a autoridade policial e outros policiais civis e militares integrariam uma suposta milícia e que estariam cobrando taxas de comerciante e monopolizando o comércio de gás e a prestação de serviços de internet no município de Resende”, diz o boletim de ocorrência registrado pela delegacia da cidade.

As desinformações, segundo a Polícia Civil, teriam como principal objetivo criar condições políticas para que o novo delegado de polícia, Ronaldo Aparecido, recentemente empossado em Resende, fosse transferido para outra unidade policial. “Nesse sentido, a facção criminosa, por meio dos perfis falsos, passou a pedir explicitamente a saída do novo delegado”, complementa o registro.

Prática adotada anteriormente

Em outra linha de ataque, a quadrilha passou a contactar policiais militares por meio de WhatsApp para ameaçar os agentes públicos e seus familiares a fim de intimidá-los a deixarem de combater o tráfico de drogas no bairro Cidade da Alegria, principal reduto do líder do tráfico ligado a dois membros do grupo criminoso. “Logo, foi possível identificar que os policiais militares, alvos dos sucessivos ataques em redes sociais e de ameaças de mortes, pertenciam a duas equipes que mais realizavam prisões e apreensões da facção criminosa”.

Ainda conforme a Polícia Civil, esse método de desinformação, imputando crimes aos agente públicos, sobretudo PMs, com a criação de falsos diálogos de aplicativos de redes sociais, já é uma prática vista e adotada na região desde o ano de 2019, ocasião em que criminosos se utilizaram da mesma tática para conseguirem afastar uma oficial lotada à época no 28º Batalhão, sediado em Volta Redonda.

“Naquela ocasião, circularam em redes sociais, diversos ‘prints’ com supostos diálogos entre uma tenente da Polícia Militar e traficantes da cidade. Ao fim das investigações, foi possível comprovar, de forma categórica, que integrantes do Comando Vermelho se utilizaram de aplicativos específicos para criar montagens de diálogos pelo WhatsApp visando dissimular falsos diálogos entre um PM e supostos traficantes”, resume a denúncia.

Atentado

Outro fato grave apurado pela operação foi planejamento da facção criminosa em assassinar uma guarnição da PM, composta por quatro agentes. Para isso, o Comando Vermelho, visando distrair as investigações desses potenciais assassinatos, passaram a difundir em redes sociais falsas conversas atribuídas à facção criminosa rival – TCP – como uma suposta recompensa de R$ 3 mil pela morte dos agentes.

“Assim, uma vez criada a desinformação, a facção criminosa Comando Vermelho poderia executar o plano de assassinar os agentes públicos e, ao mesmo tempo, imputaria a suposta autoria a facção rival”, relata a denúncia que a Folha do Aço teve acesso.

Além de todas essas ações criminosas, o grupo, por meio de uma falsa página jornalística, divulgava números de telefones e de WhatsApp para receberem da população denúncias contra policiais e políticos da região. “Assim, a população acreditando estar interagindo com órgãos de imprensa, na verdade, repassava informações sensíveis a traficantes e acabavam se expondo a graves riscos de vida com a exposição de sua identificação”, finaliza o comando da 89ª DP.

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