Depois de um ano de intensos trabalhos, alunos do Centro Municipal de Atendimento Educacional Especializado (Cemae) e da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) estão desfrutando de merecidas férias escolares. Neste período, quem também aproveita para descansar e relaxar é o Dom, cão da raça golden retriever, que apesar da pouca idade – um ano e cinco meses – tem ajudado no suporte terapêutico a essas crianças e jovens. 

De acordo com o secretário de Educação, Marcus Vinícius Barros, a terapia terá uma breve pausa, mas será retomada em 2023 e a perspectiva é avançar ainda mais. “Hoje, também levamos a interação com o golden retriever até as pessoas idosas e algumas unidades do Ensino Fundamental. Para o próximo ano, vamos fazer pequenos ajustes e adequar alguns pontos clínicos, como idade, castração e maturidade do cão, visando ampliar os atendimentos, que são feitos de forma voluntária pelo adestrador do cão, Gustavo Pacheco”, ressaltou.

A coordenadora do Cemae, Sônia Coutinho, salientou que a presença do Dom tem auxiliado muito. “Algumas crianças portadoras do Transtorno do Espectro Autista atendidas pela rede municipal de ensino ficam mais calmas, conseguem relaxar com a presença do animal. Este resultado alcança toda a família, principalmente as mães, que em sua maioria das vezes, se dedicam integralmente a esses filhos”.

O projeto existe a cerca de um ano e surgiu através da iniciativa do proprietário e responsável pelo cachorro, Fábio Barreto. Ele tinha o desejo de levar bem-estar e amor aos pacientes em centros oncológicos, realizando um trabalho de humanização com o cão terapêutico. Sua proposta foi adequada para o atendimento às crianças com espectro autistas. 

Segundo o adestrador do animal, Gustavo Pacheco, os trabalhos desenvolvidos têm produzido resultados bastante satisfatórios. “Entre as melhorias percebidas estão o estímulo à comunicação, socialização, coordenação motora e a concentração. Esse fator incide diretamente no desenvolvimento geral do cidadão, favorecendo a melhoria na qualidade de vida, inclusive dos familiares”, destacou.

Ainda de acordo com Pacheco, no cotidiano o Dom leva aos assistidos os três ‘C’s, que se traduzem em carinho, conforto e companhia. “Ele ajuda nos exercícios psicomotores realizados durante as terapias com profissionais e nos atendimentos em salas de aula e espaços externos. Também recebe treinamento para seguir comandos e agir tranquilamente em casos de crise e se permite ser tocado pelas crianças. A relação desenvolvida é de extremo afeto e empatia mútua, gerando vínculo social”. 

A demanda atendida é determinada pela gestão administrativa das instituições. Mas, em geral, o percentual de atendimento é de 100%.  Em geral, a duração média das interações é de 90 minutos, podendo variar entre atendimentos individuais e coletivos. 

Vivenciando a experiência terapêutica no cotidiano dos alunos, os pais e responsáveis confirmam seus benefícios. Maiara Aparecida Lopes Ferreira é mãe de Y.S.F., de quatro anos, portadora do Transtorno de Espectro Autista. “A intervenção assistida trouxe muitas melhorias para a minha filha. Ela já está conseguindo interagir e socializar com as pessoas ao redor. Neste período ela desenvolveu um certo interesse em aprender e a se comunicar, fatores que não ocorriam antes da terapia. Ela tinha um mundo que era único, só dela. Até os profissionais que a atendem perceberam as mudanças. Para mim, estas evoluções são uma grande vitória”.

Ana Paula Gomes é outra mãe que aponta a evolução de M.V.G.V., também de quatro anos, diagnosticada logo ao nascer com colpocefalia, desordem cefálica rara causada pelo desenvolvimento anormal do sistema nervoso central, caracterizada pelo alargamento desproporcional dos cornos occipitais dos ventrículos laterais e pela possibilidade de associação com outras malformações cerebrais.

“Minha menina ficou mais esperta e teve uma grande melhoria no relacionamento com as pessoas. Ela gosta muito do Dom e fala nele praticamente o dia todo”, concluiu.

Foto: Felipe Vieira

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