A Vigilância em Saúde Ambiental, departamento da secretaria de Saúde de Barra Mansa, investiga três casos suspeitos de leptospirose no município. Até quinta-feira (dia 2), nenhum caso havia sido confirmado pelas autoridades de saúde.
“Diante desse quadro, o setor de zoonoses realizou visitas às residências onde moram esses possíveis casos, fez as orientações necessárias e uma desratização local”, informou a Prefeitura, por meio de nota.
O coordenador da Vigilância em Saúde Ambiental, Antônio Marcos Rodrigues, enfatizou que a situação é de alerta. “Com as enchentes, as ratazanas acabam se desalojando das tocas e contaminam as águas pluviais através da bactéria leptospira, transmitida pela urina desse roedor”, explicou Rodrigues. “Além disso, as cheias muitas vezes trazem o esgoto para fora de sua circulação normal, o que representa riscos à saúde. Por isso, é extremamente importante o uso de botas e luvas para evitar o contato direto com as áreas infectadas”.
Rodrigues falou também da necessidade de redobrar a atenção com a higienização de frutas, legumes, hortaliças, latas e garrafas de refrigerantes e cervejas. Esses itens, segundo ele, precisam ser imersos em um recipiente com água, acrescidos de gotas de vinagre ou água sanitária durante 20/30 minutos.
“Existem exemplos Brasil afora de casos de leptospirose que foram contraídos devido à falta de higienização adequada desses produtos adquiridos em feiras e supermercados”, comentou o coordenador da Vigilância em Saúde Ambiental.
Esta semana, a secretaria estadual de Saúde emitiu um alerta sobre o risco de leptospirose após as fortes chuvas. De acordo com o comunicado, nos dois primeiros meses do ano, foram confirmados 24 casos e três óbitos pela doença.
Embora o número seja 66% menor ao registrado no mesmo período de 2022 – com 71 casos notificados -, a situação preocupa algumas autoridades dos municípios fluminense.
VR
Em Volta Redonda, o setor de Vigilância Ambiental informou que realiza atividades de educação em saúde. Nessa época do ano, segundo o CCZ, a população da Cidade do Aço é orientada em relação aos cuidados no contato com água de enchentes, por exemplo.
“O Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) também promove a desratização em duas frentes: preventiva em algumas áreas estratégicas, como centros comerciais e locais onde tradicionalmente tem um número maior de roedores, incluindo o monitoramento; e o atendimento às demandas da população, sendo um dos serviços executados com maior rapidez pelo CCZ”, diz em nota a secretaria de Comunicação da Prefeitura.
Pinheiral
Em Pinheiral, por não ter registro de nenhum caso recente de contaminação, nenhuma campanha está sendo realizada, informou a secretaria de Saúde. As autoridades de saúde do município, no entanto, garantem que seguem atentas à situação.
“Vale lembrar que não existe vacina para leptospirose em humanos”, destacou o setor de Vigilância em Saúde.
De acordo com a secretaria de Estado de Saúde, os municípios do Rio com casos confirmados de leptospirose em 2023 são Belford Roxo, Duque de Caxias, Itaboraí, Macaé, Niterói, Paraíba do Sul, Petrópolis, Rio de Janeiro, São Gonçalo e São Pedro da Aldeia.
A orientação, no entanto, vale para todos: pessoas que tiveram contato com a água ou lama de enchentes e que apresentarem febre associada a dores de cabeça ou muscular devem procurar uma unidade de saúde. O objetivo é evitar casos graves e óbitos provocados pela doença, que tem sua incidência aumentada após alagamentos.
O que é a doença?
A leptospirose é uma doença causada por uma bactéria, a leptospira, encontrada na urina contaminada de roedores. A doença é transmitida para os seres humanos pela exposição direta ou indireta à urina contaminada desses animais, que pode ser veiculada pela água em enchentes. A bactéria invade o organismo por meio de pequenas feridas na pele, nas mucosas ou na pele íntegra imersa por longo período em água contaminada.
A fase precoce da leptospirose dura aproximadamente de três a sete dias. Os principais sintomas são febre, dor de cabeça, dores pelo corpo, principalmente nas panturrilhas, podendo também ocorrer vômitos, diarreia e tosse. A qualquer sinal desses sintomas, é importante procurar imediatamente um médico e relatar o contato com água, lama de enchente, esgoto ou água contaminada, para que o tratamento seja iniciado o mais rápido possível.
Nas formas mais graves, geralmente aparece icterícia (coloração amarelada da pele e dos olhos) e há a necessidade de cuidados especiais em caráter de internação hospitalar. O doente também pode apresentar hemorragia, meningite, insuficiência renal, hepática e respiratória.
Cuidados preventivos que podem ser tomados:
– Evite o contato com água ou lama de enchentes ou esgotos. Impeça que crianças nadem ou brinquem nesses locais, que podem estar contaminados pela urina dos ratos.
– Após a água da enchente baixar, para retirar a lama e desinfetar o local, proteja-se com botas e luvas de borracha, evitando assim o contato da pele com água e lama contaminadas. Sacos plásticos duplos também podem ser amarrados nas mãos e nos pés.
– Para desinfectar a área atingida pela lama ou água da enchente, lave pisos, paredes e bancadas com água sanitária, na proporção de 2 xícaras de chá (400ml) desse produto para um balde de 20 litros de água, deixando agir por 15 minutos.
– Tenha cuidado com os alimentos que tiveram contato com água de enchente. Alguns devem ser jogados fora, como frutas, legumes e verduras.
– Mantenha os terrenos baldios e as margens de córregos limpos e capinados. Evite entulhos e acúmulo de objetos nos quintais e nas telhas.
– Limpe a caixa d’água regularmente.