Um boletim recente divulgado pelo Observa Infância, iniciativa conjunta da Fiocruz e da Faculdade de Medicina de Petrópolis (Unifase), revisitou um preocupante cenário relacionado à vacinação infantil contra a Covid-19. Segundo o relatório, apenas 11,4% das crianças entre 6 meses e 5 anos receberam duas doses da vacina, evidenciando um desafio significativo na promoção da imunização nessa faixa etária.

Na cidade de Volta Redonda, a secretaria municipal de Saúde (SMS) adotou algumas estratégias para enfrentar a baixa procura. A união da campanha de vacinação contra a Covid-19 com a de outras doenças tem sido a tática central.

No próximo dia 26, a SMS iniciará a campanha de multivacinação, onde serão oferecidas não apenas as vacinas do calendário antigo, como também doses contra a Covid-19 para crianças. A abordagem visa aumentar a cobertura vacinal e garantir que as crianças estejam protegidas contra diversas enfermidades.

Dados da Secretaria revelam que, embora a primeira dose tenha atingido uma cobertura de 36%, a segunda tem encontrado dificuldades para alcançar um percentual satisfatório. A quantidade limitada de vacinas oferecidas e a concentração da vacinação em poucas unidades de saúde têm contribuído para essa situação. A pasta não forneceu à reportagem dados informando a estimativa e o número de doses aplicadas. 

O município de Barra Mansa, por sua vez, tem investido em conscientização e educação para incentivar a adesão à vacina. Unidades da Atenção Básica do município criaram salas de espera temáticas, abordando a vacinação contra a Covid-19 em crianças menores de cinco anos como um tema educativo. O registro e monitoramento da cobertura vacinal também auxiliam na identificação de áreas com baixa adesão, permitindo uma busca ativa das crianças não vacinadas.

“Aumentar as coberturas vacinais de Covid-19, principalmente nas crianças, é um desafio crucial, pois as informações falsas e mitos são um dos motivos que fazem com que a adesão ao imunobiológico seja baixa”, destaca a Prefeitura, por meio de nota. No município foram apenas 319 crianças imunizadas com a segunda dose da Pfizer Baby e 414 com a segunda dose da Coronavac.

Já em Resende, os números também assustam. Do público-alvo total de 7.792 crianças de 6 meses a 4 anos, 11 meses e 29 dias, apenas 1.468 tomaram a segunda dose da vacina contra a Covid-19. Para mitigar o problema, a secretaria de Saúde está adotando estratégias para ampliar a cobertura vacinal nas crianças. Entre elas estão a vacinação nas escolas e creches, horários estendidos de atendimento nos postos e a disponibilização de doses durante a Feira Livre da Beira-Rio.

Em Barra do Piraí, a secretaria municipal de Saúde informou que a estimativa era vacinar 4.364 crianças, no entanto, até o momento foram aplicadas somente 1.488, ou seja, 34,10%. No município, as estratégias adotadas têm sido a oferta da vacina pediátrica contra a Covid-19 nas unidades de saúde juntamente com as vacinas de rotina; a oferta de ponto extra-muro de vacinação na Praça Nilo Peçanha, duas vezes por semana e em dois sábados por mês; além de projeto de vacinação escolar e ampla divulgação nas redes sociais.

Importância

A pediatra Márcia Dorcelina Trindade Cardoso enfatiza a importância da vacinação infantil contra a Covid-19, destacando que as internações e óbitos em crianças durante a pandemia foram fatores determinantes para a inclusão dessa faixa etária na campanha de vacinação.

“Por isso, o Ministério da Saúde e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) recomendam a inclusão da vacina contra Covid-19 no Calendário de Vacinação no nosso país. Os estudos científicos mostram que a vacina é segura”, comentou a professora do curso de Medicina do UniFOA,

 Dorcelina ressalta que a baixa cobertura vacinal não é só contra Covid-19. “Várias estratégias estão sendo adotadas para reverter este quadro. A participação da equipe de saúde, da comunidade e dos meios de comunicação são muito importantes para mudar esta realidade”, observa.

Uso de máscaras

Cientistas na Inglaterra estão orientando que as pessoas voltem a usar máscaras, em meio a uma preocupante “mutação” da variante da Covid-19. Além da subvariante da Omicron, a Eris, já ser alvo de preocupação por seu alto grau de mutação e disseminação, uma nova subcepa, que ainda não foi formalmente nomeada, mas é chamada de ‘BA.6’, está levando alguns a temer que um quadro sombrio do novo coronavírus possa surgir nas próximas semanas.

No Brasil, algumas instituições já estão adotando o retorno do uso de máscara em ambientes fechados e em aglomerações. É o caso do Núcleo de Enfrentamento e Estudos em Doenças Infecciosas Emergentes e Reemergentes (Needier) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), coordenado pela pesquisadora Terezinha Castiñeiras, que emitiu nota técnica na quarta-feira (dia 16), em que recomenda ao corpo social da Universidade o retorno do uso de máscaras em ambientes fechados, bem como em aglomerações. O Núcleo também orienta a higienização frequente das mãos.

As recomendações se devem à preocupação com uma nova onda de Covid-19, o que tem sido constatado em outros países. No mundo, cerca de 1,5 milhão de novos casos de covid-19 foram registrados entre 10/7 e 6/8, segundo dados da Agência Brasil, com base em informações da Organização Mundial da Saúde (OMS).

O aumento de casos de covid-19 que foram diagnosticados no Needier também é uma das motivações para as recomendações na UFRJ. A nota orienta, ainda, a testagem em caso de sintomas respiratórios ou contato próximo com alguém com covid-19.

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