Nas últimas décadas, os moradores de cidades do Sul Fluminense acompanharam atentamente o desenvolvimento industrial da região das Agulhas Negras. Empresas de grande porte se instalaram por lá, em especial do setor automotivo, gerando empregos e movimentando a economia local. Na esteira desse “boom” houve o crescimento populacional. Resende, por exemplo, em dez anos, passou de 119.769 habitantes para 129.612. Ou seja, 9.843 novos moradores.

Por trás desse aumento, outras questões sensíveis à sociedade surgem, e que não podem passar despercebidas, principalmente aos olhos das autoridades. Uma delas diz respeito à discrepância social. A falta de políticas públicas consistentes leva ao crescimento desordenado de determinadas áreas urbanas e na lacuna deixada pelo Estado, aparece outro problema, ainda mais sério: a criminalidade.

Em 2022, foram 44 homicídios registrados somente na cidade de Resende. O número consta no relatório do Instituto de Segurança Pública (ISP), do governo do estado. Os números referentes a 2023 ainda não foram disponibilizados.

Hoje, o tráfico de drogas ganhou ainda mais espaço, com a ativa atuação de duas facções rivais: o Comando Vermelho (CV) e o Terceiro Comando Puro (TCP). A disputa por territórios estaria por trás da causa dos assassinatos. No entanto, pelo menos neste mês de setembro de 2023, os números são favoráveis às autoridades policiais.

Até o início da tarde de quinta-feira (dia 21), nenhum homicídio tinha sido registrado pela 89ª Delegacia de Polícia Civil. “Implementamos um trabalho de inteligência para evitar a prática de homicídio na cidade, isolando no sistema penitenciário algumas pessoas que davam ordens lá de dentro”, disse o delegado Michel Floroschk.

Prestes a completar um ano que retornou a Resende, o titular da unidade detalha o planejamento elaborado por sua equipe para reduzir os homicídios na cidade. “Os dados são as rotas e as pessoas que praticam esse tipo de delito. E aí a gente acaba fazendo um cinturão de proteção às vítimas, impedindo uma ação pontual dessas pessoas no acesso às vítimas”, explicou Floroschk.

Apesar da aparente sensação de melhora, o número de homicídios em Resende, de janeiro a julho, apresentou aumento de 26,9% em relação ao mesmo período de 2022. Passando de 26 para 33 os registros de assassinatos.

Ação contra a criminalidade

Para reprimir o tráfico de drogas no Sul do Estado, o 5º Comando de Policiamento de Área (CPA) intensificou a realização de operações nas áreas de Volta Redonda (28º Batalhão) e Resende (37º BPM). Na quinta-feira (dia 12), por exemplo, uma ação para prender criminosos e apreender armas e drogas.

A operação envolveu mais de 50 policiais militares, que ficaram concentrados nos bairros Cidade Alegria (Baixada Olaria, Mutirão, Jardim Alegria e Jardim Beira-Rio) e Surubi em Resende. Um veículo blindado da PM foi utilizado.

No mesmo período, VR tem oito homicídios

Enquanto Resende registra neste mês queda no número de homicídios em setembro, em Volta Redonda os números são alarmantes. Neste mesmo período, foram oito homicídios. O mais recente foi registrado – até o fechamento desta edição – tinha acontecido na noite de terça-feira (dia 19).

Um jovem de 21 anos, identificado como João Vitor da Silva Fernandes Ananias, foi assassinado a tiros, na Praça Roberto José de Pinho, no bairro Volta Grande III. A vítima era morador do bairro Santo Agostinho. Policiais militares que estiveram no local ouviram populares, que repassaram o nome de um possível suspeito do crime, que fugiu do local.

Para o delegado Luiz Jorge Rodriguez, da 93ª DP, a guerra do tráfico resulta em tais índices. “As mortes estão sendo atribuídas às chefias de cada uma das organizações criminosas”, pontuou de forma lacônica o delegado. Segundo o ISP, foram 65 homicídios dolosos na cidade em 2022, 21 a mais que em Resende.

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