Policiais civis da 88ª DP prenderam na tarde de segunda-feira (dia 30) um professor e atirador esportivo de 44 anos, suspeito de cometer violência psicológica e perseguição contra sua companheira, uma manicure de 37 anos, com quem era casado há mais de 20 anos. O casal residia no bairro Maracanã, em Barra do Piraí.
O delegado titular da unidade, Antonio Furtado, explicou que o relato inicial da vítima, feito há oito meses, no dia 21 de fevereiro, descreveu ameaças, impedimento de trabalhar e conviver com familiares, além do uso de armas de fogo para ameaçá-la. Segundo Furtado, no mesmo dia, a vítima voltou à delegacia e retratou suas declarações, alegando que tudo não passou de uma mentira motivada por ciúmes e depressão.
Furtado contou que, aproximadamente duas semanas depois, ela foi à delegacia novamente, desta vez na companhia do companheiro. O acusado desmentiu as acusações e negou ter cometido qualquer tipo de violência contra a companheira, acrescentando que apesar de ser um colecionador de armas, jamais cometeria algum crime.
Ontem, dia 30, a mulher compareceu à unidade para reafirmar as ameaças sofridas, manifestando inclusive considerações sobre a possibilidade de tirar a própria vida. Ela reiterou que seu depoimento inicial era verdadeiro, incluindo desta vez, detalhes sobre seu retorno à casa do casal em fevereiro. Segundo o relato da vítima, o companheiro a buscou armado na residência da mãe e a forçou a retornar para casa, além de ter a agredido fisicamente em diversas ocasiões.
Os agentes foram até o local, onde foram encontradas duas pistolas calibre 9 mm legalizadas, guardadas em um cofre, além de cinco carregadores municiados. O acusado foi preso em flagrante pelos crimes de violência psicológica e perseguição, cujas penas somadas podem chegar a quatro anos de prisão, enquanto os crimes de ameaça e coação no curso do processo foram incluídos no inquérito anterior, totalizando penas que ultrapassam dez anos de prisão.
Furtado enfatizou que, embora o acusado seja atirador esportivo e colecionador de armas legalizado, os crimes cometidos não estão relacionados a essa prática. O delegado ressaltou a excepcionalidade do caso, afirmando que menos de 1% dos atiradores e colecionadores se envolvem em práticas criminosas, destacando a seriedade com que a maioria lida com suas responsabilidades.
- “Trata-se de um caso excepcional, que não deve servir de base para julgamento em outras situações. Esse caso revela a complexidade e a seriedade das investigações sobre violência doméstica e o manuseio de armas legais, o que não estabelece relação nenhuma com o comportamento típico dentro das comunidades de atiradores e colecionadores. O acusado será transferido hoje, dia 31, para Volta Redonda, onde será submetido a uma audiência de custódia. A vítima chorava muito na delegacia. A prisão que realizamos a libertou. Agora quem tem motivos para chorar é o criminoso”, concluiu.
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