Um neurologista é o especialista responsável pelo diagnóstico e tratamento de doenças que afetam o sistema nervoso e músculos ligados aos nervos, como acidente vascular cerebral (AVC), epilepsia, Alzheimer e enxaqueca. Essas doenças, muitas vezes incapacitantes, necessitam de acompanhamento contínuo. Na rede pública de saúde de Volta Redonda, a fila de espera por consulta com um neurologista é longa, podendo levar anos para o atendimento.

Atualmente, 5.189 pessoas estão cadastradas no sistema aguardando agendamento, conforme acesso ao site na quinta-feira (dia 6). Entre elas está Linara Cristiny Fernandes Silva Sampaio, de 36 anos. “Tenho crise de ausência, que é um tipo de epilepsia, e faço acompanhamento desde os 13 anos, com tratamento medicamentoso. Aos 33 anos, fiquei viúva, perdi meu plano de saúde e tive que buscar a rede pública. Entrei na fila em julho de 2023 para consulta com o neurologista, após passar pelo clínico geral. Até hoje não consegui a consulta”, relatou a moradora do bairro Eucaliptal.

Linara explica que a crise de ausência é caracterizada por um desligamento temporário do cérebro, que dura alguns segundos, deixando a pessoa alheia aos eventos ao seu redor. “Com a falta de atendimento, fui obrigada a fazer um plano de saúde, pois comecei a convulsionar, perder a consciência e cheguei a ser internada no Hospital São João Batista. Ao retomar o tratamento, as convulsões foram controladas. Mas é difícil, pois como tenho um filho deficiente que utiliza o plano para fisioterapia, acabo pagando mais de R$ 1 mil pelo plano, o que seria reduzido se eu tivesse atendimento neurológico pela rede pública”.

O especialista em neurologia também acompanha pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), epilepsia, entre outros, que também aguardam atendimento em Volta Redonda.

Jordânia Côrtes de Souza, mãe de um jovem de 17 anos com autismo e deficiência intelectual, explica que a falta de acompanhamento prejudica o desenvolvimento do rapaz. “Meu filho está sem acompanhamento. Estamos tentando uma vaga há algum tempo. Ele fazia tratamento no anexo do Hospital do Retiro, mas só aceitam crianças até 13 anos com a neuropediatra do local. Na rede privada, seria até os 18 anos, pelo menos. É lamentável uma espera tão grande”.

Moradora do bairro Santa Cruz, Jordânia relata que não foi fácil lidar com a falta de acompanhamento. “Meu filho não faz uso de medicação contínua, mas está sem acompanhamento terapêutico. Foi uma fase difícil, entrando na puberdade, trocando de escola. E, para piorar, a psicóloga e a psicopedagoga deram alta. Questionei o motivo, já que meu filho é atípico e precisa de terapeutas por toda a vida. É um absurdo”.

A Folha do Aço entrou em contato com a Secretaria de Comunicação de Volta Redonda mas, até o fechamento desta matéria, não houve resposta.

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