Durante seus 20 anos à frente do Executivo de Volta Redonda, o prefeito Neto (PP) manteve uma postura de distanciamento em relação à Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), fundamentada em razões econômicas e sociais. Economicamente, as discordâncias envolviam a tributação municipal, como o ISS e o IPTU. Socialmente, controvérsias surgiram devido ao fechamento de espaços tradicionais de lazer, como os campos do Ressaquinha, da Ponte Preta e do Versátil, afetando profundamente a comunidade local.
Recentemente, sinais de reconciliação começaram a emergir entre o governo municipal e a principal contribuinte de impostos e empregos em Volta Redonda. Em maio passado, o prefeito Neto visitou a Usina Presidente Vargas para verificar iniciativas destinadas a melhorar a qualidade do ar na cidade, marcando um momento de distensão após declarações críticas anteriores dirigidas à empresa, presidida por Benjamin Steinbruch.
Com essa aproximação renovada, a administração municipal agora escolhe cuidadosamente suas palavras, especialmente diante das críticas da população sobre o crescente problema da poluição atmosférica na cidade. “A população de Volta Redonda pode esperar melhorias. Como estava, não era viável”, afirmou o prefeito em entrevista recente, ajustando seu tom em comparação com períodos anteriores.
Apesar dessa nova postura alinhada entre Prefeitura e CSN, há pontos críticos que não podem ser ignorados, como o aumento temporário das emissões de partículas sólidas detectado recentemente, que excedeu os limites legais por um curto período. Apesar dos desafios, o governo municipal assumiu um papel mediador, divulgando iniciativas conjuntas e exigindo transparência e celeridade nas reformas necessárias para mitigar os impactos ambientais.
O ofício recentemente encaminhado à CSN solicitou um cronograma claro e prático das obras em andamento, com garantias sobre os prazos e os benefícios esperados para a população. Neto destacou a expectativa da comunidade local quanto às melhorias prometidas, enfatizando a necessidade urgente de resultados visíveis.
Em resposta, a CSN comprometeu-se a reduzir as emissões do setor de Sinterização, principal fonte de poluentes atmosféricos na região, até que as reformas sejam concluídas. Medidas imediatas incluem a introdução de novos equipamentos de controle, aplicação de tecnologias para mitigação e um cronograma para substituição das placas nos sistemas de captação de particulados.
Enquanto evita um confronto direto com a CSN, Neto enfrenta a pressão popular crescente. Um ato público está sendo organizado para julho, buscando cobrar das autoridades municipais uma solução para o problema do “pó preto” que afeta a cidade.
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