As queimadas que vêm devastando diversas regiões do país estão causando impactos graves não apenas ao meio ambiente, destruindo a fauna e a flora, mas também à saúde da população. Com a intensa fumaça, o ar se torna quase irrespirável, resultando em um aumento expressivo de problemas respiratórios, como bronquite, asma e alergias. Hospitais e unidades de saúde vêm registrando grande número de atendimentos, afetando principalmente crianças, idosos e pessoas com condições preexistentes.

Segundo dados do Departamento de Vigilância em Saúde da secretaria municipal de Saúde (SMS), a rede pública registrou, no período de junho até o dia 19 de setembro, 2.967 diagnósticos de problemas respiratórios. Ainda segundo o departamento, apesar dos números, não se pode atribuir os casos somente às queimadas, pois sazonalmente, devido às condições pluviométricas, já são registrados aumentos de casos de doenças respiratórias nesse período.

No entanto, não foi considerado o número de atendimentos na rede privada de emergência e em consultórios médicos com atendimento por planos de saúde e particular.

Especialista

Segundo a alergista e imunologista Fernanda Sobreira, a degradação da qualidade do ar, devido ao aumento das partículas poluentes, pode agravar problemas respiratórios já existentes, além de provocar novos sintomas em pessoas previamente saudáveis. Entre os problemas respiratórios mais frequentes, apontados pela médica, destacam-se tosse intensa, ressecamento no nariz e na garganta, além da piora em quadros de rinite e asma.

“A fumaça gerada pelas queimadas contém substâncias irritantes que afetam tanto as vias aéreas superiores quanto inferiores, tornando o ar seco e altamente prejudicial para quem já sofre de doenças respiratórias”.

Folha do Aço: Quais são os principais problemas respiratórios que você tem observado nos pacientes devido às queimadas na região?

Fernanda Sobreira – Os principais problemas respiratórios que temos observado devido às queimadas são tosse, muitas vezes intensa e piorando ao longo do dia, alterações nasais, como ressecamento no nariz e na garganta, além da piora dos quadros de rinite e, principalmente, de asma e outras doenças pulmonares em geral. A qualidade do ar, que fica muito alterada e ruim, com fumaça e tempo seco, prejudica as vias aéreas como um todo, gerando sintomas tanto nas vias aéreas altas quanto nas baixas.

O aumento na quantidade de partículas no ar durante as queimadas pode agravar quadros de asma e rinite? Como isso ocorre?

Com certeza, a fumaça e o ar seco pioram os quadros de asma e rinite, pois causam maior irritação em áreas já inflamadas. O ar seco irrita as vias aéreas, e a fumaça também age como irritante, além de outras substâncias que podem estar presentes devido às queimadas. Tudo isso agrava muito os quadros de asma e rinite.

Existe algum grupo de risco específico que sofre mais com as consequências das queimadas, como crianças, idosos ou pessoas com doenças preexistentes?

Os grupos que mais sofrem com as queimadas são as pessoas que já têm doenças respiratórias preexistentes, como asma, rinite, DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica), e outros problemas respiratórios, especialmente aqueles que não estão sob controle adequado. Além disso, pessoas com doenças crônicas não tratadas ou com imunidade comprometida também podem sentir os efeitos das alterações climáticas. No geral, quem mais sofre são as pessoas com doenças respiratórias não controladas.

Quais são os sintomas mais comuns de alergias respiratórias causadas pela fumaça das queimadas?

A fumaça funciona como um irritante para as vias aéreas, tanto do nariz quanto do pulmão, causando inflamação. Isso resulta em sintomas como tosse, nariz seco, irritação nasal e, em alguns casos, até sangramento nasal.

Quais medidas preventivas você recomenda para pessoas que vivem em regiões afetadas por queimadas frequentes?

A principal medida preventiva é ingerir bastante líquido, para manter as vias aéreas bem hidratadas. Além disso, é importante evitar ambientes abertos onde há queimada ou fumaça intensa, e manter a casa fechada para evitar a entrada de fuligem. A lavagem nasal também é extremamente eficaz para hidratar as vias aéreas e prevenir sintomas.

A utilização de purificadores de ar ou máscaras com filtros específicos ajuda a amenizar os sintomas alérgicos? Quais seriam os mais eficazes?

Sim, purificadores de ar e máscaras com filtro ajudam a diminuir o contato direto com a fumaça, assim como os umidificadores. No entanto, é importante prestar atenção às características desses aparelhos e como usá-los adequadamente. Eles são medidas complementares e devem ser usados junto a outras formas de prevenção, como ingestão de água e lavagem nasal.

Quais cuidados devem ser tomados dentro de casa para minimizar a exposição à fumaça e melhorar a qualidade do ar no ambiente interno?

É importante manter a casa fechada para evitar a entrada de fumaça, além de utilizar umidificadores e purificadores de ar. Também é essencial manter os aparelhos de ventilação, como ar-condicionado e ventiladores, bem limpos.

Quais orientações você daria para quem já possui doenças respiratórias crônicas, durante períodos de queimadas intensas?

Para quem já tem doença respiratória, o ideal é seguir rigorosamente as orientações médicas, tomar as medicações corretamente e controlar o ambiente de forma preventiva. Caso ainda não esteja em acompanhamento médico, é essencial procurar um profissional o quanto antes, para evitar a piora do quadro durante as queimadas.

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