Com um calendário repleto de desafios, incluindo o Campeonato Carioca, a Série B do Campeonato Brasileiro e a Copa Rio, o Volta Redonda se prepara para um ano decisivo. O clube busca equilibrar ambições esportivas com o fortalecimento de sua estrutura e o aumento de suas receitas, com foco na sustentabilidade e no legado para o futuro.

Em entrevista exclusiva à Folha do Aço, o presidente Flávio Horta detalha as estratégias do Voltaço para enfrentar as exigências da temporada 2024 e consolidar sua posição como uma das principais forças do futebol carioca.

Folha do Aço – Com três competições importantes no calendário de 2025 – Campeonato Carioca, Série B do Brasileiro e Copa Rio – qual é a principal prioridade do Volta Redonda para 2024? Como o clube pretende se preparar para enfrentar essas competições de forma equilibrada?

Flávio Horta: Todas as competições têm sua importância. O Estadual é a competição que nos sustentou até aqui, pode nos garantir na Copa do Brasil e já batemos na trave algumas vezes. O Brasileiro é a realização de um sonho recente, representa um fôlego financeiro, além da super visibilidade que permite atrair atletas e mais patrocinadores. Vamos nos preparar para entrar fortes nas duas.

Disputar a Série B traz visibilidade e uma nova fonte de receitas. Quais estratégias estão sendo pensadas para aumentar as receitas do clube, seja através de patrocínios, bilheteiras ou parcerias?

Vamos precisar investir mais em todos os setores do clube, não apenas no futebol. Precisamos de bons projetos para captação de patrocínios, aumentar nossa divulgação através de um projeto de marketing mais ambicioso, ainda dentro de nossas limitações, e, principalmente, contar muito com o apoio de nosso torcedor, que terminou o ano em lua de mel com o time. O torcedor será fundamental e temos que enxergar isso.

A participação na Série B representa um marco importante para o Volta Redonda. Como o clube pretende utilizar essa experiência para impulsionar suas metas de longo prazo, solidificando-se como a quinta força do Rio e aspirando, no futuro, a um possível acesso à Série A?

Esse tema é importante. Já decidimos que boa parte da receita será para investir em estrutura. Precisamos achar um bom terreno e bons parceiros para a construção de um Centro de Treinamento moderno, que vai potencializar o trabalho de quase todos os segmentos do clube. Precisamos, claro, reforçar nosso elenco, aparelhar melhor o clube, valorizar profissionais, mas uma parte do recurso certamente será para deixar um legado para os próximos anos.

Para enfrentar a Série B, que exige viagens frequentes e uma estrutura mais robusta, o Volta Redonda está buscando novas parcerias logísticas ou estruturais? O clube pretende fortalecer sua infraestrutura de apoio ao plantel?

Como eu disse anteriormente, isso é fundamental. Saco de dinheiro não faz gol, mas ajuda a construir vitórias se bem aplicado. Vamos investir muito em valorizar pessoas, trazer profissionais qualificados e, principalmente, cuidar da estrutura e logística de viagens. Sabemos que a construção de um Centro de Treinamento demanda tempo, não será de uma hora para outra, e por isso já estamos estudando reformas e melhorias no Aero Clube para atender bem nesse período. Repito, investiremos boa parte em estrutura.

Como o clube planeja expandir a marca Voltaço e aumentar o engajamento com a torcida, especialmente com a visibilidade extra que a Série B proporciona? Alguma iniciativa de marketing, como a criação de um programa de sócios-torcedores, está sendo desenvolvida?

Esse é um tema desafiador. O clube já viveu bons momentos, mas poucas vezes conseguiu fidelizar seu torcedor. Talvez estejamos tendo uma grande oportunidade com esse calendário cheio e a certeza de muitos jogos na cidade. Vai ser preciso muita compreensão do torcedor quanto às dificuldades que encontraremos. Pensando nisso, vamos tentar criar atrativos para os jogos, como a FanFestaço, que vem acontecendo hoje, parcerias com estabelecimentos para jogos fora de casa, aproximar o torcedor do Raulino e de nossos atletas com ações pontuais envolvendo jogadores e ações dentro do campo de jogo, e, principalmente, manter a aproximação com a rede de ensino, integrando cada vez mais os torcedores mirins com o clube, visitando escolas com atletas, com o mascote oficial, fazendo sorteios de brindes e viabilizando a presença dessas pessoas no estádio. Não podemos perder essa nova geração que está se apaixonando agora pelo futebol. Esse é o maior alvo hoje.

Com o aumento de investimentos e despesas para competir na Série B, o clube está preparado para adotar medidas de controle financeiro e garantir a sustentabilidade? Quais são os pilares desse planejamento financeiro?

O Voltaço hoje é referência no quesito transparência, dito pelo maior especialista do Brasil, e isso nos orgulha muito. Sempre tivemos muito cuidado no controle de gastos. Nos primeiros anos de nossa gestão, já colocamos um artigo no Estatuto, dizendo que, a partir daquele momento, o Presidente passaria a responder com seu patrimônio se causasse danos dolosos ao clube. Temos um Conselho Deliberativo participativo, independente, e um Conselho Fiscal igual, com acesso imediato a todos os documentos. Conseguimos sustentabilidade num momento de pouca receita e muita dívida, equacionando gastos. Tanto que nossa folha sempre foi uma das menores da competição, para poder cumprir com todas as obrigações. A receita aumenta e, consequentemente, a despesa também, mas temos controles suficientes, como auditoria externa, parecer do Conselho Fiscal, aprovação de contas pelo Conselho Deliberativo, e publicamos anualmente todas as nossas contas.

A renovação de Rogério Corrêa e de sua comissão técnica demonstra um plano de continuidade. Qual a importância dessa decisão para a gestão e quais as expectativas para o desempenho da equipe com essa estabilidade?

A permanência do Rogério e de grande parte da comissão é um passo muito importante para a sequência do trabalho. Junto com Leite e com o Zada, são os pilares desse trabalho. Nos ajuda na renovação de atletas que confiam no trabalho e numa projeção de crescimento. Já começamos a traçar 2025 cientes da necessidade de reforçar dentro de campo, mas também com o propósito traçado, com a metodologia definida. Foi uma renovação importante e agradeço muito ao Rogério, sua família e aos membros da Comissão Técnica por essa confiança.

Como as saídas e permanências de atletas estão sendo analisadas para manter um plantel competitivo?

A questão do elenco inteiro passa pela Comissão Técnica. Tanto as manutenções quanto as contratações estão em conversa. Nada é feito sem a aval da Comissão Técnica. A partir daí, entra a parte de negociação para tentar chegar a um acordo financeiro dentro das possibilidades do clube.

Quais setores da equipe são prioridades para reforços?

Não existem setores específicos, até porque muito vai depender de conseguirmos ou não as nossas renovações. Mas estamos olhando todas as posições no mercado.

Existe a possibilidade da chegada de um jogador experiente, um “medalhão”, para fortalecer o elenco na Série B?

Essa questão de medalhão é muito relativa. Nossos últimos grandes resultados foram sem medalhões. Se tivermos uma boa oportunidade, dentro de um entendimento da Comissão Técnica de que o atleta possa contribuir muito e dentro da realidade financeira, certamente poderá acontecer. Agora, trazer um medalhão por marketing, para dizer que tem um medalhão, isso não vai acontecer. Precisamos ter a convicção da Comissão Técnica de que o atleta pode entregar resultado.

A construção do Centro de Treinamento do Voltaço é um projeto de grande impacto. Em que fase está esse projeto? Qual o cronograma previsto para o início e conclusão, e como ele contribuirá para o desenvolvimento do clube e da base?

O Centro de Treinamento é fundamental. No momento, estamos procurando terreno, conversando com empresários, com o poder público, buscando alternativas. Já inserimos no orçamento apresentado ao Conselho Deliberativo um investimento de cerca de 2,5 milhões para o ano de 2025, especificamente para o Centro de Treinamento. Acreditamos que seja uma obra de cerca de dois anos, mas que, se feita por módulos, a parte profissional pode ser acelerada. Esse é o maior sonho no momento e vai mudar o patamar de trabalho da base do clube, que já é bom, mas sofre com a parte estrutural. Com essa construção, o investimento na base vai aumentar ainda mais.

Há alguma possibilidade de o clube negociar jogadores com contrato ainda neste final de ano?

Ponto importante. Vários atletas terminaram o ano bastante valorizados. Alguns já renovamos, outros possuem contrato em vigor. Todos eles têm uma cláusula de saída previamente definida e conversada. Alguns, citando o exemplo do MV, receberam propostas para ganhar o dobro e optaram por ficar, pensando numa proposta de exterior no futuro. Nesses casos, trata-se também de uma condição de saída do atleta: se algum clube fizer a proposta e o atleta quiser ir, será feito. Mas, em todos os casos, o Voltaço está amparado em uma recompensa, como foi o caso do Ítalo, que saiu por empréstimo e, com o dinheiro, conseguimos reforçar quase todos os setores do time e nos ajudou no acesso.

Com a disputa de competições de alto nível em 2024, há um plano de integrar mais jogadores das categorias de base no elenco principal? Qual a estratégia do clube para dar espaço aos jovens talentos e, ao mesmo tempo, reforçar a competitividade da equipe?

A ideia é usar sempre o máximo possível da base, e isso vem acontecendo. Este ano, por exemplo, usamos mais de dez atletas oriundos da base e tivemos o Robinho, um dos grandes protagonistas de nosso acesso. Melhorar a estrutura da base vai nos permitir usar ainda mais esses atletas.

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