Aos pés do Cristo Redentor, no dia 18 de janeiro de 2021, o Estado do Rio de Janeiro iniciou a campanha de vacinação contra a Covid-19, logo após o governo estadual buscar em São Paulo o primeiro lote de vacinas destinadas ao Rio de Janeiro. Na ocasião, Terezinha da Conceição, então com 80 anos, e a profissional de saúde Dulcinéia da Silva, com 61, foram as primeiras fluminenses imunizadas. Exatos dois anos depois há muito a se comemorar: mais de 40,5 milhões de doses já foram aplicadas no estado.
“Com o início da imunização, nascia a esperança de vencermos esse vírus. Não medimos esforços e conseguimos levar a vacina para todo o território fluminense, sempre com o lema de que cada município importa. Nossa força-tarefa deu certo e a simbologia dessa data permanecerá viva em nós”, ressalta o governador Cláudio Castro.
Os resultados positivos são frutos do trabalho incansável das equipes de saúde, dos mutirões que viravam madrugadas recebendo, contabilizando e separando as doses para envio aos municípios, e da operação logística de distribuição aérea, uma referência para outros estados do país. Passado o momento mais crítico da pandemia, é hora de mais uma vez celebrar a mudança que a vacina trouxe para a História: uma pesquisa realizada pela Fiocruz, publicada em dezembro no jornal Infectious Disease Modelling, revelou que a vacinação evitou mais de 230 mil casos de hospitalizações e mais de 43 mil mortes.
“Vacinas são a forma mais importante de prevenção que temos para proteger a população contra inúmeras doenças. Desde o início da vacinação, a Secretaria de Saúde realiza um trabalho eficiente, garantindo a todos os cidadãos do estado acesso aos imunizantes de forma equânime e igualitária. O resultado disso é a redução do número de casos e óbitos. Faço um apelo para que as pessoas tomem as doses de reforço e que os pais levem as crianças para serem vacinadas”, diz o secretário de Estado de Saúde, Doutor Luizinho.
Mobilização: time de diferentes secretarias se uniu e levou vacina para os 92 municípios do estado no menor tempo possível
Com a missão “Tudo pela vida”, que usou o helicóptero da Superintendência de Operações Aéreas (SOAer) da Secretaria de Estado de Saúde e recebeu apoio de aeronaves das polícias Civil e Militar e do Corpo de Bombeiros, o Governo do Estado conseguiu entregar vacinas aos 92 municípios fluminenses em até sete horas. O “Verdinho”, como é conhecido o helicóptero da Saúde, transportou 972 mil doses, em 140 horas de voo. Juntas, no período de um ano, essas aeronaves levaram 2 milhões de doses até o braço dos fluminenses. Encurtaram espaços, salvaram vidas.
“Uma força-tarefa permitiu a entrega de 2 milhões de doses de vacina contra Covid-19. Chegamos a todas as regiões, como no Norte do estado, a uma distância de cerca de 300 km da capital. A população nos aguardava nos campos de pouso, ansiosos pela vacina”, destacou o Major Roberto Medina, responsável pela SOAer.
Nesses dois anos, 50 milhões de doses chegaram e saíram da Coordenação Geral de Armazenagem (CGA), em Niterói.
“Realizamos obra para instalar sete freezers para receber as vacinas em temperatura ultrabaixa. Na época da distribuição de vacinas via aérea, ocorreram atividades extra horário em todas as madrugadas que antecederam as distribuições”, lembra a superintendente da CGA, Melissa Oliveira.
Ao longo de 2021, a chegada de mais doses de vacina ao país possibilitava ampliar o público imunizado. E o avanço nos estudos abriu caminho para a ampliação das faixas etárias aptas a serem vacinadas.
“No começo, a vacina estava liberada apenas para maiores de 18 anos. Em 2022, ampliou-se para grupos de 12 a 17 anos. No final de 2022, as crianças foram incluídas e, hoje, a imunização está liberada para bebês a partir de 6 meses”, diz o superintendente de Vigilância Epidemiológica e Ambiental (SVEA), Mario Sérgio Ribeiro.
O Estado do Rio tem hoje 89% da população acima de 12 anos com o esquema inicial completo (duas doses) e, entre os maiores de 60 anos, apenas 50% já receberam o segundo reforço. Na população mais jovem, na faixa dos 18 a 40 anos, a cobertura da dose de reforço gira em torno de 20%.
Reencontro entre as primeiras vacinadas e profissionais de saúde marcam o dia
E como esquecer a emoção da primeira vacinação? Nesta quarta-feira (18), as primeiras vacinadas do estado e os profissionais de saúde que aplicaram os imunizantes se reencontraram para celebrar a vida e dividir as experiências após a vacinação.
Para Terezinha Conceição, hoje com 82 anos e moradora do Abrigo Cristo Redentor, vinculado à Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, a imunização trouxe esperança de dias melhores.
“Fiquei muito emocionada em ter sido a primeira idosa a ser imunizada no estado. Eu estava ansiosa para a vida começar a voltar à normalidade, a gente poder passear, estar com as pessoas – enfatizou Terezinha. Peço que toda a população se vacine. O vírus ainda não acabou e daqui a pouco teremos o Carnaval”, finalizou a idosa.
Não faltou emoção também para Angelo Batista da Silva, enfermeiro da Unidade de Resposta Rápida da Vigilância em Saúde da SES, que foi escalado para acompanhar a primeira remessa que chegou ao estado e aplicar a primeira dose na técnica de enfermagem Dulcinéia.
“É uma grande felicidade poder ver a nossa população caminhar livremente sem precisar usar máscaras, poder dar um abraço gostoso. É muito gratificante”, disse o “enfermeiro do Cristo”, como Angelo ficou conhecido.