A força das imagens transmitidas pela TV e a velocidade de informação da internet não foram capazes de acabar com o mistério e o charme de um dos meios de comunicação mais antigos do mundo. O rádio, que não morre jamais, mexe com o imaginário, com a fantasia, e é capaz de atribuir rosto, corpo e alma a uma voz. Além de criar moda, estimular debates, transmitir informações e reduzir a distância entre pessoas, o veículo de comunicação tem outra função importante: a de abraçar novos artistas. É o que vem fazendo a Roquette-Pinto.

Nos anos 80, a Rádio Fluminense, também conhecida como “A Maldita”, foi responsável por lançar grandes bandas e artistas, como Blitz, Paralamas do Sucesso, Titãs, Legião Urbana, Kid Abelha, Lobão, Barão Vermelho, Marina, Celso Blues Boy, Camisa de Vênus, Gang 90, Hanói Hanói, Capital Inicial, entre outros. Em 1994, a emissora saiu do ar, deixando órfãos quem precisava de pontapé inicial na carreira.
            Hoje, a rádio pública Roquette-Pinto abre portas e acolhe novos artistas. Los Hermanos e Maria Gadú são alguns que encontraram nos microfones da Roquette a chance de mostrar talento. Os principais programas da casa recebem diariamente essa galera que só precisa apenas de uma oportunidade para brilhar.
            “Vejo essa abertura para artistas independentes como se fossem jovens no primeiro emprego, que precisam mostrar habilidades. Abrir o microfone da Roquette para esses talentos e, depois, vê-los brilhar é uma grande realização, especialmente por ser uma rádio pública”, afirma Soraya Moreno, diretora de programação da Rádio Roquette-Pinto, que trabalha há mais de 30 anos no meio e não cansa de estimular jovens músicos.

Artistas consagrados também ajudam essa turma. Ney Matogrosso é um deles. Desde os anos 80 ele incentiva artistas em início de carreira. Ele foi um dos grandes apoiadores do Barão Vermelho e, consequentemente, de Cazuza. O grupo João Penca e seus Miquinhos Amestrados também teve música gravada por Ney, que fez a banda explodir depois. 

            Na terça-feira (dia 28), esse ícone da música brasileira, de 81 anos, foi o entrevistado especial da rádio, no programa “Toda Tarde”. Ao vivo, Ney Matogrosso falou sobre a própria carreira, próximos trabalhos e a importância de músicos reconhecidos abraçarem novos talentos.

“Não faço isso por obrigação, faço isso porque, se eu reconheço que há um talento, gosto de me envolver e de possibilitar essa oportunidade. Não acontece toda hora, mas, sim, eu lanço muita gente desconhecida, canto músicas de artistas que ninguém conhece. Não tem nada premeditado nem quero criar qualquer imagem. Gosto de impulsionar o talento. Hoje o esquema da música é muito diferente de tudo, e essa oportunidade que a Rádio Roquette-Pinto proporciona é muito importante”, declarou o artista.
            Os músicos Roberta Spindel e Renan Rodrix, pupilos de Ney Matogrosso, também dividiram o palco da Roquette com o astro. Recentemente, o cantor regravou o clássico “Sangue Latino” com a cantora Roberta Spindel. A canção irá completar 50 anos e estourou com o grupo Secos e Molhados, em 1973.

“Acho o Ney um artista extremamente profundo, e gravar ‘Sangue Latino’ com ele foi uma grande honra e satisfação, um verdadeiro presente”, disse Roberta, que comemora o sucesso da música, repercutida em todas as mídias sociais e rádios digitais.
            Renan Rodrix também foi abraçado por Ney Matogrosso e já gravou algumas canções, entre elas a música “Simples”. De acordo com Renan, “Simples” já bateu 400 mil visualizações no YouTube e na plataforma Spotify.

“No meu caso, tudo foi muito natural. Ele gostou de uma canção e gravou. A partir dali, criamos uma relação de amizade. Tudo que eu compunha eu mandava, inclusive o meu segundo disco foi ele quem fez a audição. É muito fácil lidar com o Ney, tem que saber entendê-lo, e o trabalho flui. Esse abraço que ele me deu abriu portas. Depois que ele gravou a minha música, todo mundo gravou também”, comentou Renan Rodrix.

O programa ‘Toda Tarde’ contou também com a participação da jovem Valentina Rocha, de 19 anos. A intérprete e compositora de Volta Redonda homenageou Ney Matogrosso cantando uma canção do artista.

“O que todo artista quer é ser ouvido e fazer com que a arte dele chegue em todos os lugares. Então, acho que o maior desafio é realmente ter um espaço para ele se lançar e ter a oportunidade de colocar a sua arte para o mundo. Esse espaço dado pela Roquette é muito importante”, comemorou Valentina.

O músico independente que quiser divulgar músicas na Roquette-Pinto basta fazer contato pelo seguinte e-mail: [email protected].

Gravações gratuitas

A Biblioteca Parque Estadual, equipamento idealizado pela secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa, abriu no ano passado agenda de horários do seu estúdio de produção de faixas de áudio para receber artistas de todo o estado. A ideia é criar oportunidades a quem não tem recursos financeiros para gravar composições e projetos de áudio e, assim, impulsionar os novos artistas para o mercado de streaming e outras plataformas digitais. 

Localizado no Centro da capital fluminense, o estúdio da Biblioteca Parque conta com modernos equipamentos, democratizando o acesso à arte e à cultura para artistas fluminenses. Além de participar, ao vivo, do programa na Roquette-Pinto, Valentina Rocha também teve a oportunidade de cantar e gravar uma música no estúdio da Biblioteca Parque. Ela frisa a importância desses espaços para quem está começando a carreira.

“A estrutura é ótima. Tem um produtor lá que dá todo o auxílio para a gente. Os equipamentos são muito bons também, e o melhor é que tudo isso está acessível ao público. Utilizar o estúdio da Biblioteca Parque me deixou muito feliz”, disse a volta-redondense.

Foto: divulgação

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