“Tem como torcer pelo Hexa sem machucar os animais”. O título faz parte da campanha em Volta Redonda da Sociedade Protetora dos Animais (SPA), na tentativa de conscientizar a população do sofrimento que os barulhos dos fogos de artifício causam aos bichos neste período de jogos da Copa do Mundo.

A advogada Larissa Rangel sabe bem o que é isso. Ela tem uma cachorra da raça Spitz Alemão Anão, conhecida popularmente como Lulu da Pomerânia.

“A Jolie passa mal, quase infarta. Ela se treme inteira. Mesmo depois que passam os fogos, ela continua com medo e apreensiva”, diz a moradora do bairro São Luiz, que já perdeu outro cão de estimação.

“Perdemos uma cachorra no ano novo, que infartou por conta dos fogos. E o cachorro da minha vizinha fugiu desesperado e morreu atropelado. Além dos pets, tem também as pessoas com transtornos mentais, as crianças recém-nascidas, os idosos. A pessoa que solta fogos quer aparecer e não pensa no próximo”, completa Larissa.

Segundo o Conselho Federal de Medicina Veterinária, os animais têm a audição mais sensível do que os humanos. Ruídos acima de 60 decibéis, equivalente a uma conversa em tom alto, já são suficientes para causar estresse físico e psicológico nos animais.

“O que acontece com os animais, principalmente os cães que têm uma audição muito boa, é que eles entram em estado de estresse agudo, uma resposta do organismo para situações de perigo”, explica a veterinária Maria Bárbara França Moreira, citando que há uma alteração em todos os sistemas do corpo do animal.

“Toda a energia do corpo é direcionada para o sistema sensorial e locomotor, deixando os outros deprimidos, principalmente os sistemas imune e digestivo. O que acontece com o animal é que organismo se mobiliza todo para manter as partes vitais do corpo. O sangue, por exemplo, é todo redistribuído para as partes vitais, a pressão arterial aumenta, a respiração fica mais rápida e profunda. Ou seja, o organismo fica todo desregulado por 10, 20 minutos, enquanto duram os fogos de artifício, e é nesse período que ocorrem os danos neurológicos, respiratórios e cardíacos, que levam muitos animais a óbito”, detalha.

Maria Bárbara é veterinária e dá dicas de como deixar seu animal menos assustado

A veterinária indica, principalmente para as festas de final de ano, ligar o aparelho televisor no canal DogTV e deixar o som mais alto para abafar o som dos fogos. “Esse canal abre a programação na virada do ano para que os tutores coloquem para os animais para ouvirem e se distraírem. É um som calmante, tem estudo comprovando a eficácia. Eu já fiz com minhas cachorras, abraçada com elas, fazendo carinho. Quem não conseguir, há no Youtube vários vídeos de sons para acalmar os cachorros ou até música, qualquer coisa que tire a atenção deles dos barulhos dos fogos e coloque foco naquele mais perto”, explicou Maria.

Essas são algumas das alternativas adotadas pela professora de Educação Física Laís Alves para garantir que sua Shihtzu fique mais calma. “A gente fica com ela no colo, fazendo carinho para que ela sinta menos medo. Eu queria mesmo é que as pessoas se conscientizassem e parassem de soltar fogos de artifício, há outras formas de comemoração que não seja uma agressão para os animais”, sugere.

Confira algumas orientações:

– Não deixe o animal sozinho. Quem mora em casa, deve ficar atento aos portões e muros, pois a tendência é que o animal tente fugir para longe do barulho. No caso dos apartamentos, a atenção deve ser direcionada para a varanda e janelas, onde há risco de queda na tentativa de fuga;

– Coloque chumaços de algodão grandes nas orelhas do animal. Isso pode ajudá-lo a ouvir menos o barulho dos fogos;

– Jamais medique seu pet. Apenas um veterinário pode fazer isso;

– Todos os animais, inclusive os que ficam em canis e os de porte grande, se possível, devem ser levados para dentro de casa e mantidos sem correntes ou coleiras. No desespero em fugir do barulho que, para eles, é ensurdecedor, muitos podem se ferir;

– Mantenha a calma. O comportamento alterado pode gerar tensão para o animal. Pegar o animal no colo e tentar acalmá-lo pode, inclusive, intensificar o medo;

– Não tente tirá-los do local escolhido: permita que eles encontrem um local onde se sintam protegidos (embaixo da cama, dentro do armário, no meio das almofadas do sofá, dentro do box do banheiro etc).

Foto: arquivo pessoal

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