A partir de segunda-feira (dia 16), a prefeitura de Volta Redonda, em conjunto com as forças de segurança, iniciará a fiscalização para coibir a venda de armas de gel na cidade. A decisão foi tomada após uma reunião na quinta-feira (dia 12) na sede da secretaria municipal de Ordem Pública (Semop), com a participação da Polícia Civil, Conselho Tutelar e o Departamento de Fiscalização de Atividades Econômicas da secretaria de Fazenda.

As armas de gel, que são consideradas réplicas de armas de fogo, serão recolhidas pela polícia, conforme o artigo 15 do Estatuto do Desarmamento, que proíbe a fabricação, comercialização e importação de brinquedos que possam ser confundidos com armamento real.

A força-tarefa visa garantir a segurança pública, evitando que a venda dessas armas cause riscos à integridade física dos cidadãos. Segundo Vinícius Coutinho, delegado da 93ª DP, a situação ainda está sendo analisada, já que a comercialização das armas de gel não se enquadra diretamente no âmbito criminal.

Contudo, ele adiantou que, em casos de irregularidades, as armas poderão ser apreendidas e avaliadas conforme a legislação vigente. Elisângela Almeida, diretora do Departamento de Fiscalização de Atividades Econômicas, enfatizou que as ações serão intensificadas e abrangem tanto o comércio ambulante quanto os estabelecimentos comerciais. “Iremos orientar os comerciantes e agir em casos de irregularidade”, afirmou Coutinho.

Preocupações com a segurança pública

O aumento da popularidade das armas de gel, brinquedos que disparam pequenas bolinhas de água, gerou pânico em alguns bairros, como o Santo Agostinho, em Volta Redonda, na terça-feira (dia 10). Moradores confundiram os disparos com crimes reais, levando a PM a intervir e recomendar o encerramento da atividade.

Já na quarta-feira (dia 11), a Patrulha Escolar, serviço da Guarda Municipal, apreendeu duas armas de gel em uma escola no bairro Laranjal. Os agentes foram chamados após denúncia de que alunos estariam portando as armas e efetuando disparos no interior da sala de aula. A prática colocava em risco outros alunos e professores, além de atrapalhar o andamento das atividades letivas. Os envolvidos foram abordados e orientados, e as armas de gel apreendidas. 

Embora a prática tenha começado como uma diversão entre jovens, adultos também estão se envolvendo, o que tem preocupado as autoridades locais. O sargento da Polícia Militar Schubert Rodrigues alertou para o risco de confusão entre armas de gel e armas reais. “O maior problema é que essas armas podem ser confundidas com armas de fogo, especialmente em locais públicos”, destacou, lembrando de incidentes, como disparos contra crianças e passageiros de ônibus. Ele também recomendou que a brincadeira seja praticada apenas em locais apropriados e com equipamentos de proteção, como ocorre no paintball.

Riscos jurídicos e consequências físicas

Vinícius Ribeiro, promotor da Infância e Juventude de Três Rios, advertiu que, por sua semelhança com simulacros de armas de fogo, as armas de gel podem ser apreendidas pela polícia e levadas à delegacia. Além disso, incidentes graves, como ferimentos nos olhos e confusões com armas reais, têm sido registrados.

Recentemente, em Recife, mais de 50 pessoas buscaram atendimento médico devido a ferimentos causados pelas armas de gel. Em outubro, no Rio de Janeiro, um entregador foi morto após milicianos confundirem uma arma de gel com uma arma real.

Preocupação da população

Nas redes sociais, moradores de Volta Redonda e cidades vizinhas expressaram preocupação com os riscos dessa prática. “Isso está passando dos limites. Meu filho foi atingido por uma dessas bolinhas. É preciso uma providência urgente”, relatou uma moradora do bairro Caieiras. Outro morador denunciou que sua filha, com necessidades especiais, foi atingida enquanto estava em um restaurante. Casos como esses aumentam a pressão para que as autoridades tomem medidas para proteger a população.

Fenômeno global e conscientização

Embora as armas de gel sejam populares em outros países, como os Estados Unidos e na Europa, onde são utilizadas em ambientes controlados, no Brasil a prática tem se expandido de forma desorganizada e sem medidas de segurança adequadas. As autoridades locais pedem responsabilidade aos pais e usuários para evitar que a diversão se transforme em tragédia.

“Quando feitas de maneira adequada, essas brincadeiras podem ser saudáveis, mas o uso indiscriminado nas ruas representa um risco inaceitável”, concluiu o sargento Schubert Rodrigues.

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