Por Adelson Vidal Alves
Circula pelas redes sociais uma nota de repúdio a um suposto crime de racismo cometido por uma professora na Escola Estadual Manuel Marinho, em Volta Redonda. Assinam a nota o Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe) e várias organizações identitárias.
Mal escrita e com frases sem contexto, a nota parte de uma condenação prévia da docente, sem qualquer espaço para o contraditório. Em uma democracia, todos os cidadãos devem ser ouvidos, tendo direito à defesa quando acusados de algum delito. Mas, para o fascismo identitário, que arrasta os incautos para sua narrativa autoritária, basta uma única acusação da “vítima” para que o acusado seja sumariamente punido e exposto ao linchamento virtual e até físico.
Importada dos Estados Unidos, grupos do movimento negro se movem por uma tal Teoria Crítica da Raça. Nesta infame teoria, o julgamento amplo e igualitário presente nas repúblicas democráticas é substituído por uma sentença dada pela palavra das minorias, com suas “verdades” valendo sempre mais que a fala do acusado. Quando um negro acusa um branco de racismo, não há necessidade de tanta investigação, já que a palavra do negro vira uma verdade automática. Essencializa-se o “oprimido” como sendo naturalmente bom, contra a palavra do seu “opressor” branco.
É óbvio que a professora deveria ser ouvida, provas colhidas, evidências apresentadas para que a acusada virasse, de fato, uma suspeita digna de investigação formal. Mas a Secretaria de Estado de Educação correu para afastar a docente, aparentemente sem a devida apuração. Ouviu-se, segundo a imprensa, uma tal “Comissão da Diversidade Racial”.
Devemos dizer que, nestas comissões, não há diversidade nenhuma, são apenas ativistas do movimento negro travestidos de investigadores. Como em uma inquisição racial, carregam sua bíblia, e todos que fogem de seus dogmas são logo tratados como hereges dignos da fogueira santa woke.
Mas voltemos à famigerada nota ideológica. Mesmo que nela estivesse presente a pura verdade dos fatos, poderíamos chegar à fácil conclusão de que os signatários do documento misturam ignorância histórica, paranoia e desprezo pela liberdade de expressão. Trago abaixo as supostas falas da docente com meus comentários sobre elas:
“Os negros se vitimizam muito” – Frase que generaliza de forma simplista a questão do racismo contra negros. Mas, aqui, trata-se de uma opinião, não há racismo nem crime por parte da professora.
“Os negros se vendiam, você acha que alguém ia pegar eles à força?” – Dita dessa forma, há aqui um erro histórico grosseiro. O tráfico atlântico foi, sim, feito pelo uso da força, ou alguém acha que os negros se ofereceram para serem escravizados? No entanto, também é verdade que reinos africanos participaram ativamente da comercialização de escravos. Chachá, um mulato traficante, participou fortemente desse processo.
Há trabalhos que vão do africanista Alberto da Costa e Silva até o antropólogo Antônio Risério, apresentando rica bibliografia sobre o tema. É sabido que, antes da chegada dos europeus à África, havia escravidão entre os próprios africanos, ainda que com outro caráter. Sobre essa questão, escreveu o insuspeito historiador marxista Jacob Gorender em O Escravismo Colonial: “Captar prisioneiros para o tráfico tornou-se atividade prioritária para tribos primitivas de remotas regiões interioranas à de Estados litorâneos como o de Daomé.”
“De acordo com a Bíblia, a escravidão deveria existir até hoje” – A Bíblia, de fato, apoia a escravidão em vários versículos. Cito um: “Exorta os servos a que se sujeitem a seu senhor e em tudo agradem, não contradizendo, não defraudando; antes, mostrando toda a boa lealdade, para que, em tudo, sejam ornamento da doutrina de Deus, nosso Salvador” (Tito 2:9-10). É verdade que uma interpretação fundamentalista de um livro antigo não deveria nortear a cabeça de ninguém em um tema tão delicado. Mas daí a ser tratado como racismo, vai um mundo de diferença.
“Hitler não soube executar, mas suas ideias eram boas” – Não temos o exato contexto da fala. Porém, admito que elogiar Hitler nunca será uma boa ideia. Só que, aqui, trazendo positividade para as ideias nazistas, não se ofende apenas negros, mas também comunistas, ciganos, mestiços e, principalmente, judeus, as maiores vítimas desse monstro.
“Pessoas brancas também sofrem racismo” – Isso é verdade. O racismo não se caracteriza apenas por uma mão única racial, como vergonhosamente decretou o STJ. Ele se caracteriza pela discriminação e pelo preconceito incentivados por uma ideia hierárquica sobre raças humanas. A falácia do racismo estrutural tenta construir uma máquina determinista que forma racistas, operada por brancos contra negros. Onde estão essas estruturas? Ninguém sabe. O racismo ocorre contra negros, asiáticos, judeus e, sim, contra brancos também.
A professora (se ela disse mesmo essas palavras como aqui estão) é, no mínimo, despreparada. A maioria das frases é fruto de ignorância. A que exalta Hitler, essa sim, devidamente contextualizada, poderia gerar até mesmo uma exoneração da profissional. Mas disso depende uma investigação e um julgamento com amplo direito de defesa. O linchamento virtual, irresponsavelmente incentivado por seitas sindicais e organizações identitárias, fere os princípios democráticos e consagra a prática fascista de julgamento sumário.
Adelson Vidal Alves é professor de história e colunista da Folha do Aço
Os textos publicados como artigos não refletem a opinião da Folha do Aço.
Parabéns ótimo texto,precisa se apurar direito os fatos ,pra julgar alguém.Pode colocar a vida da pessoa acusada em risco as vezes inocente.
Querido Adelson… vamos lá que mais uma vez fico feliz pq num tiquinho concordo com você. Até o pior fascista ou genocida merece amplo direito de resposta. De resto… seu pensamento liberal só continua a favorecer um lado. Decerto não o meu. E não se trata de fla X flu politico: é questão de sobrevivência. Minha e dos que estão nesse universo que você criticou. Seguimos em.lados diferentes. Mas ainda espero que venha aqui na Ilha pra uma visita. Claro que o convite é pra nossa Feira Antirracista. Vai gostar. Sobre o Xaxá eu falo com meus alunos. Dá primeira fase do fundamental.
Já viu os documentários sobre ele e seus descendentes? Os documentários não dão pra criança ver (pq a linguagem é dificil pra eles) mas o segundo seguimento da conta.
Mas enfim… ampla defesa, mas sem perder o foco de quão grave são falas truncadas (ideologicamente?) Na sala de aula. de quntos de nós estão morrendo por ser dos grupos que você discorda dos métodos. Dos choros na escola. Das brigas e agressões. Dos direitos usurpados. Que os fatos sejam apurados e que se a acusação proceder, não se passe o pano. E eu acredito que devem ser legítimas.
pqp
que texto merda e mentiroso!!!
relativizou o racismo e nazismo na cara dura.
“racismo reverso existe sim” ahhh sim branco, se eu te chamo de branquelo vc logo lembra do quanto esta atrasado socialmente, de tudo q duas ou três gerações passadas sua sofreram sendo escravizados. é claro que existe racismo reverso, o brancao atras do texto nunca soube oq é alguem sentir nojo de vc só pela cor da sua pele, é claro que existe….
fora esse “fascismo identitário”, não consigo formular minha indignação lendo essa tamanha burrice.
que desserviço!
era melhor ter se juntado e proferido todas as falas racistas junto com ela, já que não há nada de errado com as frases certo? *foram só descontextualizadas ne? TADINHAAA*
posição mais firme do que escrever esse texto PODRE, passando pano pra RACISTA!
Mas geralmente vcs são uns fracos mesmo.
Como esse indivíduo conseguiu um diploma de história é a pergunta do ano na cidade de VR. Uma junção tosca de falácias, deturpações e defesa do indefensável. O pior: uso de vocabulário aparentemente rebuscado em prol de uma falsa intelectualidade. Medíocre é eufemismo pra esse amontoado de distorções, preconceitos e apologias a uma falsa liberdade de expressão
O texto é uma excrescência, supérfluo, infeliz e negacionista. A retórica darwinista, historicista e pseudointelectual olavete esdrúxula que envergonharia sua própria sombra, mas o seu texto sombrio tampou a sombra, desprovido de humanismo e iliminismo. Lembra e muito o livro de Franz Kafka “Metamorfose”, quando o personagem fictício Gregor Samsa depara-se com um espelho e se vê como uma barata. O tal “Professor de História”, que envergonha a classe, não reproduz o pensamento da classe e muito menos representa a classe, se olhou no espelho e viu um norueguês dos olhos azuis. Narciso ontem, hoje Sísifo, pois entrou na contramão da História da Historiografia sobre escravidão, racismo estrutural atemporal. Um texto sem fontes, não passa de literatura fantástica de segunda classe. Eu gostaria de uma robusta Historiografia que encontra-se na mesma prateleira de Ronaldo Vainfas, Hebe Mattos, Emilia Viotti da Costa, João José Reis, Manolo Florentino, fontes da mesma prateleira e que encontram-se nos cânones da literatura científica para contrapor a própria História. Antes que eu me esqueça, O Mito de Sísifo é que você tem que segurar uma pedra que está em sua direção que se chama devir histórico.
Nunca li tanta merda escrita num texto só. Esse cara tinha que ter o diploma rasgado , assim como o da professora racista que deu origem a isso.