Violência contra a mulher cresce no RJ e advogadas de VR criam projeto de acolhimento e proteção

Um levantamento alarmante, divulgado este ano pelo Instituto de Segurança Pública (ISP), revela que 43.742 mulheres foram vítimas de violência física no estado do Rio de Janeiro em 2024, um aumento de 5,6% em relação ao ano anterior. O “Panorama da Violência contra a Mulher 2025” ainda aponta que 56.206 mulheres sofreram violência psicológica, o maior número desde o início da série histórica, há nove anos.

Diante desse cenário, duas advogadas criminalistas de Volta Redonda, as irmãs Marcela Gregio e Daniela Gregio, decidiram transformar a indignação em ação. Elas fundaram o projeto “Mãos que Protegem”, uma iniciativa sem fins lucrativos voltada ao atendimento jurídico e psicológico de mulheres vítimas de violência doméstica – especialmente aquelas que não têm condições financeiras para contratar um advogado.

“A ideia surgiu quando começamos a atender mulheres que nos procuravam pelas redes sociais, pedindo ajuda, muitas vezes com medo ou vergonha de ir à delegacia. Então, abrimos espaço nos nossos horários e passamos a acompanhá-las de forma voluntária”, explica Marcela.

O projeto, que ainda funciona de forma improvisada, já realiza mais de 100 atendimentos por mês, oferecendo acolhimento jurídico e encaminhamento para acompanhamento psicológico. Segundo a advogada, a demanda cresceu exponencialmente desde que começaram a divulgar o trabalho nas redes sociais.

“Essas mulheres veem na gente um espelho, uma força. Muitas já nos disseram que só conseguiram romper com o ciclo da violência porque viram nossas postagens e decidiram buscar ajuda”, afirma.

A iniciativa já conta com o apoio de nomes como o deputado estadual Jari Oliveira (PSB) e a vereadora Gisele Klinger (PSB), que integra a Comissão da Mulher na Câmara Municipal de Volta Redonda. Ambos têm contribuído para que a associação seja formalizada em cartório – o que deve ocorrer nos próximos dias – e passe a contar com uma sede própria e acesso a novos recursos.

Atendimento

Além da atuação jurídica, a associação oferece atendimento multidisciplinar, com apoio psicológico e terapêutico, graças ao trabalho voluntário de profissionais que abraçaram a causa.

” A violência contra a mulher não é só física. Existe a patrimonial, a psicológica, a moral, a sexual… Muitas mulheres nem sabem que estão sendo vítimas. Nosso papel é orientá-las e empoderá-las para saírem dessa situação”, pontua Marcela Gregio.

A visibilidade do projeto ultrapassou os limites de Volta Redonda. Mulheres de Barra Mansa, Resende e de outras cidades da região Sul Fluminense também procuram o “Mãos que Protegem” pelas redes sociais, como o Instagram da própria advogada, onde os atendimentos são agendados diretamente.

O próximo passo das irmãs é estruturar um espaço próprio, com ambiente seguro e sigiloso, além de ampliar o alcance do projeto por meio de palestras, campanhas educativas e parcerias com escolas e instituições públicas. Uma dessas parcerias, em construção, é com a delegada e integrante da Procuradoria Especial da Mulher da Alerj, Madeleine Dykeman, que também se mostrou entusiasta da iniciativa.

“A nossa maior vitória é ver uma mulher que chegou destruída emocionalmente conseguir se reerguer, romper o ciclo de violência e seguir em frente com dignidade e coragem. E saber que fomos parte disso é o que nos move”, conclui Marcela.

O contato com o projeto pode ser feito diretamente pelas redes sociais da advogada Marcela Gregio.

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