A área que abriga o Parque Natanael Geremias, popularmente conhecido como Parque da Cidade, no Centro, há algum tempo sofre com o abandono do poder público. Entulhos, mato alto e veículos apreendidos pela Guarda Municipal transformam o espaço do antigo 1º Batalhão de Infantaria Blindada (BIB) em ambiente propício à proliferação de mosquitos, como o aedes aegypti, transmissor da dengue e da febre amarela.

Na quinta-feira (dia 13), algo diferente dos “tradicionais” descartes foi encontrado no Parque. Após denúncias recebidas pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea), materiais hospitalares, como seringas, soro fisiológico, scalps [item usado na aplicação do soro e de injeções], cateter, éter e ataduras, vencidas desde 2015, foram encontradas em uma sala trancada no local. A ação foi acompanhada pela Polícia Civil e pelos vereadores Marcell Castro, Gilmar Lelis, Mauro Sabino e José Abel.

Segundo Marcell, a princípio, servidores do Parque não autorizaram o acesso ao galpão onde os produtos hospitalares estavam acondicionados. “Ninguém tinha a chave da porta, mas a partir do momento em que a Polícia Civil foi acionada e chegou com uma turquesa [ferramenta utilizada para quebrar cadeados e arrombar portas], os ‘olheiros’ do prefeito viram que os agentes iriam entrar de qualquer jeito e diante da repercussão negativa que isso poderia dar a imagem do senhor Rodrigo Drable (DEM), a sua ‘tropa de choque’ chegou. Apareceram pessoas que cuidam do marketing dele, secretários de Educação, Saúde. Com isso, a chave apareceu e o Inea periciou o local”, relatou o parlamentar

De acordo com Márcio Sérgio, funcionário concursado da área de manutenção da secretaria de Saúde, ele mesmo levou as caixas até o local no ano do vencimento do material, a pedido da administração do então prefeito, Jonas Marins (PCdoB). Contudo, Marcell Castro afirma que os itens estariam “jogados no chão como lixo” e não encaixotados como havia sido relatado. “A minha opinião, enquanto vereador, é de que esses produtos não podem ser armazenados num local como esse. Não importa se é do Jonas [Marins], Ismael [Alves de Souza] ou do Wanderlino Teixeira Leite. O prefeito atual é o Rodrigo Drable e ele não pode permitir o descarte irregular de material nocivo. O Parque tem diversos funcionários e isso pode representar um risco à saúde deles”, disse Marcell.

Em fotos postadas nas redes sociais do parlamentar, era possível ver o material hospitalar espalhado pelo chão. Foto: Reprodução/Redes sociais

O parlamentar da base de oposição ao governo municipal ainda acrescentou que este não foi o único descaso visto por ele durante a ação. “Os alojamentos da Guarda Municipal estão em uma situação lamentável. No banheiro tem um aviso pedindo para que os servidores utilizem um balde, pois não há descarga. O piso de taco está com diversas peças soltas, as camas estão quebradas, os colchões sucateados, o forro no teto está aberto, o telhado tem um buraco e os armários estão enferrujados. É lamentável”, completou Marcell.

Em outro registro, é possível ver o péssimo estado das camas do alojamento da Guarda Municipal. Foto: Reprodução/Redes sociais

O Outro lado

Até o fechamento desta edição, a prefeitura de Barra Mansa não havia se pronunciado sobre as denúncias dos vereadores. Em entrevista ao jornal A Voz da Cidade, na quinta-feira (dia 13), Douglas Muniz de Souza, representante da secretaria de Meio Ambiente, afirmou que a denúncia inicial recebida pelo Inea dava conta de que transporte e descarte irregular do material hospitalar estaria ocorrendo no Parque, o que de acordo com ele, acabou não sendo comprovado. “O Inea constatou que não se tratava disso, mas foram alguns poucos materiais que estão inertes, sem risco de contaminação. O Inea vai notificar a prefeitura para fazer o descarte regular desse material”, disse.

Foto: Arquivo/Divulgação PMBM

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