“Aquele monumento gigante, que tá fechado (sic), não será feito nada com aquilo? É gigante, dá pra fazer um Hospital de Campanha”. A frase do ator Douglas Silva, aconteceu durante a semana em um bate-papo descontraído com o surfista Pedro Scooby, o também ator Tiago Abravanel e o volta-redondense Eliezer, no Big Brother Brasil.

O questionamento do ator que ficou famoso ao interpretar a infância do bandido Dadinho no filme Cidade de Deus, longa indicado ao Oscar, em 2004, teve como ponto central o antigo Escritório Central, na Vila Santa Cecília. Construído na década de 60, o edifício de 37 mil metros quadrados, divididos em 16 andares, está fechado.

Douglas Silva não sabe, nem o publicitário Eliezer soube explicar, que o primeiro grande esvaziamento do prédio ocorreu em 2004, quando a CSN – proprietária do imóvel – inaugurou o novo escritório (no antigo refeitório). Durante um curto período, funcionários de alguns poucos departamentos – como o de informática – permaneceram no local, até o seu completo esvaziamento.

O volta-redondense Eliezer poderia ter aprofundado a conversa – se tivesse conhecimento do assunto -, afirmando que parte da “proposta” de Douglas Silva para o Escritório Central já chegou a ser analisada em oportunidade pretérita. Grupos do ramo hospitalar, por exemplo, chegaram a estudar a viabilidade de aproveitar a estrutura oferecida no espaço para implantar uma unidade médica. As conversas não evoluíram. 

Quem também “espiou” com atenção a situação do imóvel comercial no coração da Vila foi o ex-prefeito Samuca Silva (Podemos). Em 2017, o então gestor do município formalizou proposta de compra para a CSN. Um documento de intenções, inclusive, foi entregue ao diretor institucional da empresa, Luiz Paulo Barreto, durante reunião no Palácio 17 de Julho.

Naquela oportunidade, o prefeito chegou a dizer que a reabertura do Escritório Central ajudaria a “gerar empregos, produzir tecnologia, novos serviços e movimentar fortemente a economia”. Com mantinha bom relacionamento com a CSN, Samuca tentou um caminho diferente de seu antecessor e que posteriormente veio a sucedê-lo, neste caso o prefeito Neto (DEM), que nunca escondeu a dificuldade que tinha em se comunicar com o empresário Benjamin Steinbruch, proprietário da CSN.

Durante as conversas para a aquisição do imóvel inaugurado em abril de 1966 durante as comemorações do Jubileu de Prata da empresa, os valores da negociação e a forma de pagamento não chegaram a ser revelados. Uma das possibilidades ventiladas foi que na transação seria abatida parte da dívida da CSN com o município referente ao Imposto Sobre Serviço (ISS). Outra hipótese seria a Prefeitura recorrer a um empréstimo junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Na época em que o governo Samuca notificou a intenção de compra, a pedido da Folha do Aço, um empresário do setor imobiliário analisou que um prédio com a estrutura do Escritório Central poderia custar mais de R$ 110 milhões. “É difícil estimar o valor de venda de imóvel como este, até pelos equipamentos e aparelhos instalados, como elevador, ar condicionado central e escada rolante. Mas se levarmos em consideração outras áreas da mesma região da cidade, o metro quadrado construído não sairia por menos de R$ 1,5 mil. Aí seria preciso analisar os outros fatores, mas creio que tudo sairia por cerca de R$ 111 milhões”, analisou o construtor, que pediu anonimato.

Com parte do projeto, a ideia era transformar o edifício em um Centro Estratégico Municipal, reunindo departamentos da prefeitura, órgãos públicos e empresas interessadas em se instalar em Volta Redonda, além de um centro de tecnologia e incubadora de empresas. A negociação esfriou e até agora o imponente edifício General Edmundo Macedo Soares e Silva, o Escritório Central, segue desativado.

A quem interessar negociar, fica a dica: o espaço possui dois auditórios, escadas rolantes, cinco elevadores, cozinha, banheiros, cantina, refeitório, ar condicionado central, garagem subterrânea e até um heliporto. Em outros períodos, mais de cinco mil funcionários da CSN trabalhavam naquele imóvel.

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