O setor siderúrgico brasileiro enfrenta um novo cenário desafiador com a imposição de tarifas de 25% sobre as importações de aço pelo governo dos Estados Unidos, que começaram a valer em março de 2025. Embora o impacto no comércio entre Brasil e EUA seja considerável, uma das maiores siderúrgicas do país, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), pode encontrar uma maneira de superar esse obstáculo e até mesmo sair beneficiada da situação.
O Brasil, que é o segundo maior fornecedor de aço para os Estados Unidos, viu suas exportações de aço caírem 17,1% em 2024, alcançando US$ 5,7 bilhões, uma retração significativa em relação ao ano anterior. As tarifas elevadas de Trump têm afetado diretamente as vendas brasileiras, que já enfrentavam uma queda nas exportações desde 2022.
De acordo com dados do Departamento de Comércio dos EUA, o Brasil exportou 4,1 milhões de toneladas de aço para o mercado americano no último ano, com destaque para produtos semimanufaturados e lingotes, que representam uma parte considerável do total exportado. Entretanto, ao contrário de outras grandes empresas do setor, como ArcelorMittal e Ternium, que têm maior dependência do mercado externo, a CSN se destaca por sua sólida base no mercado interno.
A empresa brasileira, que exporta aproximadamente 250 mil toneladas anuais de folhas metálicas – produto de alto valor agregado – para os Estados Unidos, possui uma produção de 3,5 milhões de toneladas por ano, sendo a maior parte destinada ao mercado doméstico. Essa estrutura permite à CSN maior flexibilidade para suportar os efeitos da desaceleração nas exportações e, ao mesmo tempo, explorar alternativas de crescimento fora do mercado americano.
Embora a tarifa de Trump tenha gerado uma expectativa de queda nas exportações de aço, com projeções que apontam uma redução de 0,03% nas exportações totais e uma possível queda de 2,19% na produção de metais ferrosos no Brasil, a CSN possui a vantagem de ser menos dependente das exportações para os EUA, o que lhe confere uma posição estratégica. Para a empresa, a diversificação de mercados, com foco especial na Ásia e União Europeia, emerge como uma estratégia viável para mitigar as perdas no mercado americano.
Em um cenário global de volatilidade econômica e comercial, a CSN, com sua robustez no mercado interno e produção diversificada, se posiciona como uma das empresas mais resilientes do setor siderúrgico brasileiro. Se bem posicionada, a Companhia pode não apenas minimizar os impactos negativos das tarifas de Trump, mas também explorar novas oportunidades em mercados emergentes, consolidando seu papel como líder no mercado de aço, tanto nacional quanto internacionalmente.
Claro Mariano é bacharel em Direito e jornalista