A divulgação dos resultados do programa Previne Brasil, na última terça-feira (24), provocou tensão interna na Secretaria Municipal de Saúde de Volta Redonda. A cidade apareceu na 42ª colocação entre os 92 municípios fluminenses, com desempenho abaixo da média estadual em quase todos os sete indicadores avaliados pelo Ministério da Saúde.
A Folha do Aço apurou com fontes da SMS que a repercussão negativa provocou forte reação da titular da pasta, Márcia Cury, que cobrou explicações de sua equipe técnica logo após a divulgação dos dados. O incômodo aumentou com o desempenho expressivo de cidades vizinhas, como Rio Claro, que ficou em 1º lugar no ranking estadual, e Barra Mansa, em 3º.
Embora os resultados sejam reflexo da gestão anterior – sob comando de Conceição de Souza até 31 de dezembro do ano passado -, o cenário acendeu um alerta nos bastidores da Saúde. Ainda segundo fontes, Márcia Cury estabeleceu prazo até agosto para que os índices sejam não apenas corrigidos, mas transformados nos melhores da região Médio-Paraíba.
Sistema de gestão será trocado
Entre as primeiras medidas previstas está a substituição do Sistema Vivver SUS, plataforma utilizada pela rede municipal para o gerenciamento de atendimentos, distribuição de medicamentos, exames e controle do histórico clínico dos usuários do SUS. A avaliação interna é de que o sistema não oferece suporte técnico e agilidade suficientes para garantir o preenchimento e alimentação adequada dos dados exigidos pelo Previne Brasil.
Uma nova licitação deve acontecer nas próximas semanas para definir a empresa que assumirá o serviço.
Indicadores abaixo da meta
O programa Previne Brasil, criado em 2019, mede a qualidade da atenção primária à saúde por meio de sete indicadores, que afetam diretamente o volume de repasses federais aos municípios. Volta Redonda ficou abaixo da meta em praticamente todos os critérios.
O pior desempenho foi no atendimento odontológico a gestantes, com apenas 18% de cobertura, ocupando a 79ª posição no estado. A meta estipulada pelo Ministério da Saúde é de 60%.
Outro ponto crítico é o indicador de consultas de pré-natal iniciadas até a 12ª semana de gestação. A cidade registrou 32% de cobertura, bem abaixo da meta de 45%, e ocupa o 58º lugar.
Apenas o item sobre realização de exames de sífilis e HIV durante o pré-natal superou a meta mínima: 62% de cobertura, contra os 60% exigidos. Ainda assim, Volta Redonda ficou atrás de municípios como Rio Claro (96%) e Itatiaia (90%).
A cobertura vacinal contra poliomielite e pentavalente em crianças de um ano foi de 81%, abaixo da meta de 95%, colocando Volta Redonda na 62ª posição estadual. Já o exame citopatológico (Papanicolau) apresentou 35% de cobertura, aquém dos 40% exigidos, mas ainda assim posicionou o município no 14º lugar.
Nos indicadores relacionados a doenças crônicas, os números também foram considerados baixos. A aferição da pressão arterial em pacientes hipertensos foi registrada em 27% dos casos (20ª colocação), e apenas 21% dos diabéticos realizaram o exame de hemoglobina glicada, índice que colocou Volta Redonda no 19º lugar estadual. A meta para ambos é de 50%.
Repercussão e impacto orçamentário
O desempenho insatisfatório gera preocupação não apenas pela questão da saúde pública, mas também pelo impacto financeiro: quanto menor o desempenho nos indicadores, menor o valor dos repasses federais destinados ao município.
Apesar de melhoras graduais observadas nos últimos anos, os avanços ainda são considerados tímidos, principalmente para uma cidade que historicamente se apresenta como referência regional em saúde pública.
A secretaria de Comunicação da prefeitura de Volta Redonda foi procurada pela Folha do Aço, mas não respondeu até o fechamento desta edição.
Veja o ranking:

Ué, quem comanda uma secretaria tem o controle de tudo. Que reação foi essa, secretária? Você, que está sempre pendurada nesse cargo, não sabia sobre o desempenho do seu pessoal?